Portugal: Observatório para a Liberdade Religiosa nasce para promover «dinamismo de análise e debate»

Organismo foi apresentado publicamente em Lisboa

Lisboa, 15 jan 2015 (Ecclesia) – O novo Observatório para a Liberdade Religiosa (OLR), que nasceu da reflexão de um grupo de investigadores no Departamento de Ciências das Religiões da Universidade Lusófona, pretende “observar analiticamente o fenómeno religioso” e as suas “vivências”.

“Há muitas outras instituições que fazem recolha de dados, o nosso objetivo é, a partir de todos esses dados de recolha sobre as vivências religiosas em Portugal e no mundo, partir para o passo que faltará dar em Portugal, que é um dinamismo de análise e debate”, explicou Joaquim Franco, um dos coordenadores do OLR à Agência ECCLESIA.

O jornalista observou que os promotores “não” querem entrar em colisão com os organismos que já existem mas pretendem fazer uma “observação analítica” do fenómeno religioso e das vivências e a forma como “estão ou não consubstanciadas na Lei da Liberdade Religiosa”.

“Esta preocupação não é recente é algo que este grupo de pessoas se aventurou e já vinha refletindo há muito tempo”, acrescenta sobre a lacuna que observaram em Portugal de “abordar” e “observar analiticamente” esta área.

Na apresentação formal do projeto, esta quarta-feira, na Junta da Freguesia da Misericórdia, foram destacados princípios do OLR como promover “iniciativas próprias ou estabelecendo parcerias”, “acompanhar e facilitar processo de diálogo cultural” e a apresentação de um relatório público anual.

“Nenhuma liberdade está à partida garantida, é um processo que tem de ser trabalhado, analisado. A própria forma como vemos a liberdade obriga-nos a fazer exercício de reflexão sobre a nossa própria responsabilidade para com essa liberdade”, alertou Joaquim Franco.

Neste sentido, o jornalista revela que o OLR não tem como objetivo “indicar um ou outro caminho de interpretação” mas ajudar a partir da compreensão do fenómeno religioso – em termos sociais, políticos ou religiosos – a “avançar para caminhos” de uma melhor “integração, coexistência, coabitação do diferente e das diferenças”.

O Observatório da Liberdade Religiosa tem entre as suas instituições parceiras a Associação Internacional para a defesa da Liberdade Religiosa, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que apresenta de dois em dois anos um relatório sobre liberdade religiosa no mundo, e a Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Do relatório que a AIS apresentou em novembro de 2014, Joaquim Franco destaca a “grande novidade” do autodenominado Estado Islâmico que “baralhou um pouco” a forma como se lê e rele a liberdade religiosa no mundo.

Já a diretora do Gabinete Lisboa Encruzilhada de Mundos (GLEM) da Câmara de Lisboa destacou que a capital portuguesa é “tradicionalmente” uma cidade “intercultural” onde as várias comunidades, culturas, religiões e cultos “existem, coexistem e se relacionam.

Na opinião de Manuela Júdice, a Lei da Liberdade Religiosa portuguesa é das melhores da Europa e do mundo uma vez que “permite” que todas as religiões “existam, pratiquem os seus cultos dentro de regras mínimas de coabitação”.

O GLEM é um serviço que integra a vereação das interculturalidade e da liberdade religiosa, neste sentido, atuam “estando atentos” à cidade e procuram “dentro das condicionantes financeiras e da crise” funcionar como “facilitadores” para todos que se propõe trabalhar nestas áreas, explicou a responsável.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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