Portugal: «O secularismo e o laicismo da pós-modernidade têm dificuldade em aceitar a vivência religiosa fora do templo ou da sacristia» – Presidente da República

Marcelo Rebelo de Sousa apelou na sessão de abertura do Congresso da ACEGE à construção da esperança perante a «crise de uma certa Europa» e desafiou os cristãos ao serviço, escolhendo a «última linha do privilégio»

Foto Lusa

Lisboa 28 mar 2025 (Ecclesia) – O presidente da República afirmou hoje na sessão de abertura do Congresso Nacional da ACEGE que é necessário construir a esperança e valorizou o trabalho da associação perante “o secularismo e o laicismo da pós-modernidade”.

“Que o mandato da nova presidente e dos novos dirigentes seja sinal desse futuro, é o voto de todos nós, num país em que larguíssimos séculos de paternalismo estadual afogaram o associativismo, criaram complexos culturais perante a empresa privada, e o secularismo e o laicismo da pós-modernidade têm dificuldade em aceitar a vivência religiosa fora do templo ou da sacristia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Construtores da esperança” é o tema do Congresso Nacional da ACEGE, onde vai tomar posse a nova presidente da associação, Patrícia Liz.

Na intervenção durante a sessão de abertura, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou a necessidade de reconstruir a esperança nas circunstâncias atuais “de crise de uma certa Europa, tão necessária, mas tão formal, tão tecnocrática, tão esquecida da substância das coisas” e de “uma pátria que tem de continuar a manter incólume uma sua vocação de plataforma entre culturas e civilizações, entre oceanos e continentes, com passado e futuro”.

Nestes instantes, tenhamos fé, que essa fé inspire a nossa esperança, que uma e outra mobilizem a nossa compaixão, o nosso serviço incansável de todos e, neles, dos mais esquecidos de todos. E que nós, cristãos, nos encontremos na primeira linha do serviço e na última linha do privilégio. Por isso, aqui estamos, cristãos, fiéis a uma fé, mulheres e homens, leais a uma natureza e a um destino, inseparável daqueles com quem construímos, dia após dia, uma pátria chamada Portugal”.

Foto InÊs Machado/ACEGE

Na sua intervenção o presidente da ACEGE cessante disse que “mais do que discutir salário mínimo”, a associação deseja promover o “acesso a salários justos”, a partir de projetos em curso que permitem identificar a “exposição à pobreza das famílias”, assim como o acesso à saúde, à habitação digna ou à mobilidade.

“Somos promotores ativos do elevador social”, afirmou João Pedro Tavares no discurso inaugural do Congresso Nacional da ACEGE.

O patriarca de Lisboa, na intervenção na sessão de abertura, referiu-se à esperança como uma virtude que surge num “contexto adverso”, quando se enfrenta o “esforço de uma crise” ou quando os “desencontros das quedas acontecem”.

“É a virtude dos pobres? Dos humildes sim, mas sobretudo dos construtores”, afirmou.

D. Rui Valério lembrou que a esperança “não pode provir da realidade, dos acontecimentos, da terra”, mas “vem do alto, vem de Deus, é uma virtude teologal”.

“Para um cristão, não é possível falar de esperança se não falarmos de céu”, afirmou, acrescentando que a esperança reclama “a urgência” de cada pessoa ser “construtor do céu na terra”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

“Onde é que há mais céu: no paraíso ou numa rua de Lisboa quando, com a minha mão, levo ajuda a quem precisa?”, questionou D. Rui Valério

O patriarca de Lisboa disse que a esperança exige um “compromisso pela fraternidade, compromisso pela tolerância, compromisso pelos direitos humanos”.

Na sessão de abertura, a ACEGE agradeceu aos  mais de 1200 associados e fez uma homenagem a cinco deles: Acácio Lopes Faria, Armindo Monteiro, Miguel Costa Duarte, Pedro Castro Almeida e João Pedro Tavares.

O Congresso Nacional da ACEGE começou com uma Missa presidida pelo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério; durante este sábado, vão ser apresentadas comunicações e testemunhos sobre o tema que motiva o encontro entre mais de 400 empresários e gestores, “Construtores da esperança”, que termina com a intervenção da nova presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, Patrícia Liz.

PR

Partilhar:
Scroll to Top