Portugal: Números atuais da emigração são inaceitáveis, considera António Barreto

Sociólogo afirma que «é possível fazer melhor» e que a saída de mulheres e homens tem um «impacto terrível» na família

Palmela, Setúbal, 16 jan 2015 (Ecclesia) – António Barreto afirmou hoje na conferência de abertura do XV Encontro de Agentes Sóciopastorais das Migrações que “é inaceitável” atingir atualmente números de emigração semelhantes aos dos anos 60, com um “impacto terrível” nas famílias.

“Em cinco anos terão emigrado cerca de 600 mil pessoas. É um número demagógico, avançado com intenções políticas ou de vender jornais. Será inferior, 100 ou mesmo 200 mil, o que é sempre muito, muitíssimo”, afirmou o sociólogo no cineteatro de Palmela.

“Estamos com números de emigração que nos aproximam dos anos 60, mas isso não é aceitável”, sustentou António Barreto, considerando que “é possível fazer diferente, melhor e evitar que a emigração atinja os números atuais”.

Para o sociólogo, “as autoridades nunca gostaram dos números sobre a emigração” porque “qualquer emigrante é um alerta para um governante” e há sempre uma “hipocrisia fundamental” perante o fenómeno: “A emigração é um problema a menos e uma remessa a mais”.

António Barreto afirmou que “o mundo contemporâneo vive muito inquieto com as migrações”, reagindo de imediato a atos terroristas com discursos que tendem a fechar fronteiras.

Para o sociólogo, fazer depender a revisão do acordo de Schengen dos atentados num jornal em París é uma “autêntica acrobacia”.

O Encontro de Agentes Sócio Pastorais das Migrações, que decorre até domingo em Palmela e Setúbal, analisa o impacto “terrível” da emigração no setor da família.

“A emigração é uma das decisões mais violentes na estrutura da família porque implica afeto, projeto de vida, isolamento, início de preconceitos. É terrível”, afirmou.

O sociólogo considera também que a saída de cidadãos “é mais do que um capítulo dramático na história de um país”, sublinhando as “vias de esforço que foram recompensadas”, como a conquista de “dignidade de vida e a educação dos filhos”, poupanças ou compra de casa.

António Barreto referiu as “múltiplas categorias” dos fenómenos migratórios, que provocam a mobilidade no interior de cada país, levam cidadãos a ultrapassar fronteiras por motivos de trabalho, por motivos de lazer, turismo ou porque têm de procurar refúgio.

“Por ano, mudam de país, atravessam fronteiras cerca de 200 milhões de pessoas”, muitas definitivamente outras por motivos turísticos, recordou António Barreto.

Dirigindo-se aos agentes sóciopastorais das migrações, António Barreto desafiou-os a trabalhar na integração ou na promoção da multiculturalidade, defendendo a primeira porque é a que “dá mais liberdade” e é impossível ser favorável a tudo.

“A integração dá mais liberdade. Um cidadão ou uma família que está suficientemente integrado é mais livre”, sustentou.

O XV Encontro de Agentes Sóciopastorais das Migrações, sobre o tema “Migrações e Família”, que iniciou com a conferência de António Barreto no cineteatro de Palmela aberta a toda a população, decorre até este domingo em Palmela e Setúbal.

PR
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Agência ECCLESIA

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