Portugal: Novo bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança aposta na construção de um país «inovador, justo e sustentável»

Cerimónia decorreu no Ministério da Defesa e D. Sérgio Dinis aponta como prioridade «conhecer a diocese»

Lisboa, 05 fev 2025 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Sérgio Dinis, tomou hoje posse no Ministério da Defesa, em Lisboa, e comprometeu-se a construir o futuro de Portugal com “determinação e esperança”.

“Se mantivermos viva a coragem dos navegadores, a confiança nas nossas capacidades, a independência para decidir o nosso rumo, a justiça como alicerce, a hospitalidade como marca identitária e a resiliência como força motriz, poderemos construir um Portugal inovador, justo e sustentável”, afirmou o responsável, esta manhã.

Na cerimónia, em que estiveram presentes entidades militares, civis e religiosas, D. Sérgio Dinis convidou a não ignorar “o papel fundamental da fé cristã”, que “oferece princípios éticos e espirituais indispensáveis para promover a solidariedade, a paz e o bem comum”.

“A Igreja Católica em Portugal, e de modo particular o Ordinariato Castrense, Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança, respeitando plenamente a laicidade do Estado, mas num espírito de cooperação e mútua ajuda, não apenas sonha um futuro assim para o nosso país, mas compromete-se a construí-lo com determinação e esperança”, destacou.

O bispo garantiu que a diocese estará ao lado “de cada homem e de cada mulher que integram ou integraram as fileiras das Forças Armadas e das Forças de Segurança”.

No discurso, em que agradeceu a confiança depositada pelo Papa para liderar o Ordinariato Castrense, manifestou gratidão ao Governo de Portugal e reconhecimento às Forças Armadas e de Segurança pela disponibilidade para “acolher alguém que deseja servir”, o bispo refletiu sobre a história de Portugal, “edificada sobre valores e princípios fundamentais que, ao longo dos séculos, moldaram a identidade portuguesa”.

“Destaco, entre eles, a coragem e o espírito de aventura, a independência e a soberania, a justiça e a igualdade, a hospitalidade e o humanismo, a resiliência e a capacidade de adaptação, e, não menos importante, a fé e a tradição cristã”, indicou.

D. Sérgio Dinis salientou a “hospitalidade e o respeito pela diversidade cultural” como “marcas indeléveis do povo português, refletidas não apenas dentro das nossas fronteiras, mas também na diáspora que, pelo mundo, leva a cultura lusa sem perder as suas raízes”.

“Não podemos ignorar que a fé cristã e católica teve um papel central na formação de Portugal e na construção da nossa identidade nacional. Faz parte do nosso ADN”, sublinhou.

O bispo enfatizou que “o cristianismo não foi somente uma influência cultural, mas um elemento estrutural da nacionalidade portuguesa, moldando as suas instituições, leis, artes e valores fundamentais, como a dignidade da pessoa humana, a liberdade e a justiça”.

“Sem vaidade, mas com orgulho, podemos afirmar que a nossa bela história foi construída por reis e navegadores, militares e governantes, missionários e soldados, académicos e iletrados, polícias e guardas, homens e mulheres que amaram a nossa querida pátria, sem esquecer os que por ela derramaram o seu sangue”, vincou.

Foto: Agência ECCLESIA/LJ

Em declarações à Agência ECCLESIA, o bispo das Forças Armadas e de Segurança afirmou que a tomada de posse no Ministério da Defesa é um “momento de grande responsabilidade”, em que qualquer um se sente pequenino e com alguma incapacidade, esperando que a graça de Deus e a ação do Divino Espírito Santo o fortaleçam a abraçar missão, numa “diocese tão especial”.

D. Sérgio Dinis apontou como prioridade “conhecer a diocese”, ao longo do primeiro ano durante o qual “não se vai traçar nenhum plano pastoral”.

“É ir conhecendo os capelães, conhecendo os diversos ramos, o seu funcionamento, as principais necessidades e depois sim, numa segunda etapa, projetarmos, tecermos um plano pastoral para o Ordinariato. Ir estudando também os diferentes dossiers que estão em cima da mesa e depois vamos trabalhar. Mas a prioridade é, sem dúvida, conhecer”, apontou.

Questionado sobre a contestação à ação das Forças de Segurança em diversas operações, o bispo convidou a “valorizar o bem que se faz”, destacando trabalho “extraordinário” de homens e mulheres deste ramo, que todos os dias procuram assegurar “o respeito pelos direitos” e a vivência de todos “em segurança”.

“Não podemos, de maneira alguma, ignorar que as Forças de Segurança e as Forças Armadas são pilares essenciais no Estado de Direito para que a democracia se viva e se conquiste em cada dia. Portanto, eu valorizava muito mais todo este papel fundamental que quer as Forças Armadas e as Forças de Segurança têm no nosso país”, referiu.

D. Sérgio Dinis comentou também a instrumentalização política das Forças de Segurança, salientando que “é mau” que estas sejam utilizadas, a partir de episódios muito isolados para ser tema “de arremesso” entre “entre forças partidárias”.

Foto: Agência ECCLESIA/LJ

Aos jornalistas, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, expressou que a entrada de um novo bispo para o Ordinariato Castrense “é um momento relevante para as Forças Armadas” e para “as Forças de Segurança”.

“Despedimo-nos de alguém, D. Rui Valério, que desempenhou de forma exemplar aquela que foi a sua missão enquanto tal, e demos as boas-vindas ao seu sucessor, a quem desejamos seja tão feliz no exercício do cargo e com tanto proveito para as Forças Armadas e para as Forças de Segurança, como foi D. Rui Valério”, manifestou.

O governante destacou a importância do conforto espiritual para os militares, dentro e fora de fronteiras, “principalmente nos momentos mais difíceis”, realçando que “não raras vezes as Forças Armadas e as Forças de Segurança foram assoladas por tragédias”.

Na cerimónia, Nuno Melo salientou que o novo bispo vem para “garantir a assistência religiosa a quem a requeira”, “para se dar totalmente, com disponibilidade e respondendo com prontidão quando solicitado”, “para partilhar os problemas dos militares e polícias, mulheres e homens, que colocam as suas vidas em risco para cumprirem muitas missões ao serviço de Portugal”.

Além disso, D. Sérgio Dinis “vem para assegurar, através da fé, a todos que a professam, o conforto espiritual naqueles que são ou passarão a ser camaradas de percurso” e “defender uma visão do ser humano integral, sem esquecer a dimensão espiritual e promover os valores da ética, da lealdade, da verdade, da camaradagem e do espírito de sacrifício, que são o sustentáculo dos militares e das polícias”.

No final, Nuno Melo desejou “toda a sorte” e “muito sucesso” ao novo bispo, “nesta missão que é insubstituível e única, ao serviço das Forças Armadas, das Forças de Segurança e da Pátria Portuguesa”.

D. Sérgio Dinis foi ordenado bispo na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real, no dia 26 de janeiro, depois de ter sido nomeado pelo Papa a 22 de novembro.

O bispo sucede no cargo a D. Rui Valério, responsável do Ordinariato Castrense desde 2018 e administrador apostólico desde 2023, quando foi nomeado patriarca de Lisboa.

LJ/PR

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