Igreja promove 51ª Semana Nacional de Migrações, que inclui peregrinação ao Santuário de Fátima
Lisboa, 11 ago 2023 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), Eugénia Quaresma, disse à Agência ECCLESIA que é importante “atuar sobre as causas” que levam as pessoas a deixar a sua terra.
“Não olhemos para o migrante como uma ameaça, olhemos também para as causas, a nível governamental, político, ao nível das decisões europeias”, referiu.
A Igreja Católica em Portugal está a celebrar, até domingo, a 51ª Semana Nacional de Migrações, que integra, na sua programação, a tradicional peregrinação do Migrante e Refugiado a Fátima, a 12 e 13 de agosto, presidida por D. Filomeno Dias Vieira, arcebispo de Luanda, Angola.
O tema do Dia Mundial do Migrante e Refugiado 2023, ‘Livres de escolher se migrar ou ficar’, escolhido pelo Papa, inspira a semana nacional.
“Este tema põe o dedo na ferida sobre os tipos de governo, a cooperação que está a realizar, alguns factos históricos que criaram desigualdades que menosprezaram povos, que não permitiram o seu desenvolvimento”, explica a responsável pelo organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.
Infelizmente, essas escolhas acabam por ser forçadas, muitas vezes, as pessoas são empurradas e há este impulso, de cada migrante, de cada refugiado, a escolher a vida. Seja qual for o motivo: conflitos armados, catástrofes naturais, perseguições, a realização pessoal”.
A diretora da OCPM considera que Portugal tem “políticas humanistas” de migração, que “consideram vários meios de entrada legais”.
“O difícil é a articulação, a celeridade nos serviços”, aponta.
A responsável assume também a necessidade de trabalhar, com quem chega ao país, sobre o “dever de conhecer a cultura de acolhimento”.
“Podem surgir tensões e há necessidade de dar a conhecer a cultura portuguesa e de conhecer, também, a cultura de quem chega. Promover o encontro e o diálogo, para desfazer mal-entendidos”, recomenda.
Eugénia Quaresma destaca ainda a ligação de proximidade com as comunidades portuguesas no estrangeiro.
“Os emigrantes continuam a fazer questão de passar por Fátima e para nós, OCPM, é uma ocasião para encontrar alguns dos nossos delegados”, relata a entrevistada.
A Pastoral das Migrações, acrescenta, dedica particular atenção à língua materna, “que para os pais é uma, mas para os filhos, quando nascem no país de destino, já é outra”.
“É uma reflexão que os nossos agentes pastorais colocam, vão fazendo experiências, bilingues, e é necessário um perfil especial para o catequista, ao acompanhar nas duas línguas”, exemplifica.
HM/OC