Portugal não aproveitou devidamente os fundos estruturais

Confidenciou o bispo da Guarda em relação à disparidade de preços entre Portugal e Espanha A competição existente na economia está a provocar tensões sociais. Na diocese da Guarda “já se nota a crise que o país atravessa” – disse à Agência ECCLESIA D. Manuel Felício. E exemplifica: “as zonas mais a sul da Serra estão a ficar afectadas pelo desemprego” porque “dezenas de fábricas fecharam”. Apesar do aumento do desemprego, o bispo da diocese mais alta do país refere que aquelas pessoas têm “alguma polivalência”: “deitam mão à agricultura e a outras coisas”. Por outro lado – nota o bispo – “existe também uma grande solidariedade entre as pessoas”. Nestas horas decisivas e de infortúnio, o tecido família ganha “muita preponderância”. Embora muitas fábricas de tecelagem tenham encerrado as portas nota-se “um reaproveitamento dos edifícios”. E acrescenta: “A Universidade da Covilhã tem sediado vários serviços em antigas fábricas”. No combate a este flagelo, a Cáritas da Guarda tem ajudado se bem que os projectos deste organismo “não estejam muito voltados para o desemprego”. Apostam mais nas “famílias desfeitas, crianças abandonadas e mães solteiras” – refere o prelado diocesano. Todavia, existe uma preocupação de criar em cada paróquia grupos cáritas que estejam “atentos a estes problemas”. A Cáritas da Guarda tem contribuído para a reinserção de “muita gente que fica abandonada” porque “perdeu o emprego”. Com o aumento da taxa do IVA nalguns produtos, a comunicação social tem dado ênfase aos portugueses que vão às compras ao nosso vizinho ibérico. “Tenho ouvido isso com frequência na minha diocese” – confidenciou D. Manuel Felício. E acrescenta: “compram produtos de primeira necessidade incluindo combustíveis e materiais de construção”. Neste espaço aberto, a economia interna sofrerá as consequências dos preços. A zona da Guarda, também chamada raiana, está mais “tentada a deslocar-se a Espanha para comprar alguns produtos”. Portugal aceitou o desafio do mercado aberto e recebeu fundos estruturais destinados à competitividade mas “não conseguimos”. “Fomos financiados para entrar na rota da competição mas não percorremos devidamente essa rota”. E conclui: “estamos a sofrer os efeitos”.

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