Portugal: Misericórdias vão avançar com USF modelo C, lançadas pelo Governo

Manuel Lemos sublinha necessidade de investir no setor social, assegurando cuidados de proximidade à população

Foto: RR

Lisboa, 13 set 2024 (Ecclesia) O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) adiantou que as instituições vão avançar para a criação de Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo C, lançadas pelo Governo.

“O Governo perguntou-nos se estaríamos disponíveis para avançar para o modelo C e estamos, com certeza. Precisamos, naturalmente, de olhar para a Lei, de olhar para os indicadores que vão ser pedidos, mas pela nossa experiência nas outras áreas da Saúde, nomeadamente na área hospitalar e na área dos cuidados continuados, não é nada que não consigamos fazer”, disse Manuel Lemos, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

O responsável espera que estes novos centros venham a existir “a breve prazo”, após se conhecerem a Lei e as portarias associadas.

As USF modelo C, uma das medidas prioritárias previstas no Programa de Emergência e Transformação da Saúde, são instituições que se enquadram no sistema de cuidados de saúde primários em Portugal, oferecendo uma estrutura mais autónoma e flexível.

Manuel Lemos assume que as Misericórdias estão preocupadas com a existência de “mais de um milhão e meio de pessoas que não têm médico de família”.

A nível hospitalar, o presidente da UMP destaca que poderia haver maior colaboração para assegurar a realização de “75 mil cirurgias não oncológicas” em atraso.

O entrevistado reforça a preocupação com os chamados internamentos sociais, um “problema mais grave”, que que se cruza com a questão da habitação e a responsabilidade das famílias.

Questionado sobre a necessidade de construir novos lares e estruturas residenciais para idosos, o responsável diz preferir soluções “mais confortáveis para as pessoas”, considerando que “o novo pivô do envelhecimento” deve ser o serviço de apoio domiciliário.

“As pessoas só preferirão ficar nas suas casas em detrimento de um lar quando se sentirem com confiança na sua casa”, acrescenta.

Manuel Lemos diz que as Misericórdias têm capacidade para dar resposta aos novos desafios, mas assume que a criação de “uma rede de 24 horas sobre 24 horas, sete dias por semana” tem custos para o Estado e para as famílias.

“É evidente que o Estado tem de pagar o justo custo”, assinala, sublinhando que a comparticipação de 50% das despesas representa “o mínimo”.

“O aumento do salário mínimo tem de ser, obviamente, ponderado por quem faz o orçamento. Nós lá estaremos para, junto com os partidos políticos, darmos conta de quanto é que isso representa”, indica.

O presidente da UMP manifesta a convicção de que o Parlamento vai aprovar o Orçamento de Estado para 2025, por acreditar que “os responsáveis dos maiores partidos políticos vão preferir um equilíbrio”.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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Agência ECCLESIA

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