Portugal/Migrações: Diálogo inter-religioso é fundamental para «promover a paz» e construir «comunidades mais coesas» – Diretora da OCPM

Eugénia Quaresma fala sobre Semana Nacional de Migrações, na qual se insere a peregrinação ao Santuário de Fátima

Foto: Santuário de Fátima

Lisboa, 12 ago 2024 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) destacou, em entrevista à Agência ECCLESIA, a importância do diálogo inter-religioso na promoção da paz e na construção de comunidades mais coesas.

“Somos chamados, porque é urgente, a este diálogo inter-religioso, que causa aflição a algumas pessoas, e, às vezes, ouço esses comentários que não aceitam o diálogo inter-religioso, mas ele é fundamental se queremos promover a paz e se queremos comunidades mais coesas”, afirmou Eugénia Quaresma.

A Igreja Católica celebra a 52º Semana Nacional de Migrações até ao próximo domingo, que inclui a peregrinação nacional do migrante e do refugiado ao Santuário de Fátima, que decorre hoje e terça-feira.

“Deus caminha com o seu povo” é o tema do Dia Mundial do Migrante e Refugiado 2024, escolhido pelo Papa, que deu o mote para a semana nacional.

“A Igreja é peregrina, a Igreja e os cristãos não têm neste mundo morada permanente, portanto nós estamos num mundo sem ser do mundo, buscando satisfazer as nossas necessidades básicas, mas sempre com este olhar, com este horizonte de esperança que Deus nos dá”, salientou a diretora da OCPM.

Eugénia Quaresma refere que Deus “manifesta-se nos migrantes, mas também em todas aquelas estruturas de acompanhamento que a Igreja foi criando e que pode vir a criar também para que o seu povo se sinta acompanhado, se sinta protegido, se sinta cuidado e não perca a esperança”.

Sobre a resposta ao crescente número de imigrantes em Portugal, a OCPM aponta que é necessário sensibilizar mais as comunidades cristãs, párocos, comunidades de acolhimento “para a realidade que têm no seu território”.

“Mais do que sensibilizar também promover conversas, encontros para nos conhecermos. Nós sabemos que o facto de termos pessoas que não conhecemos no nosso território é gerador de tensão”, realça Eugénia Quaresma.

“Nós falamos muitas vezes nos direitos, mas também temos o dever, quando nós chegamos a um lugar novo, de conhecer a realidade que nos rodeia e, portanto, esta palavra também é para os imigrantes, para os requerentes de asilo, conhecerem a realidade, não se isolem, que a língua não seja um obstáculo, quando nós queremos nós ultrapassamos a barreira linguística e estejamos abertos a estas oportunidades para nos conhecermos”, acrescenta.

A responsável dá conta que também os portugueses espalhados pelo mundo vivem esta “realidade das tensões da integração e inclusão”.

“Se há um acolhimento muito reconhecido das conferências episcopais à comunidade migrante, depois há tensões que eles vivem dentro das comunidades católicas”, explica.

Este é um tema que vai ser alvo de reflexão em outubro, em estilo sinodal, adianta Eugénia Quaresma, que menciona que a liturgia, o serviço e a comunhão vão ser analisados.

“Esperamos, de facto, conseguir ser mais igreja e não perdermos esta missão de evangelizar em tudo aquilo que fazemos”, deseja.

HM/LJ/OC

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