Conselho Nacional da Associação rejeita conceção de «vida indigna» ou «prescindível»
Fátima, Santarém, 15 fev 2016 (Ecclesia) – O Conselho Nacional da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) manifesta-se contra a proposta de legalização da eutanásia, que é apresentada sob a “aparência de um ato de misericórdia e escondida numa capa de compaixão”.
“No pressuposto de que a vida não tem sempre o mesmo valor e de que há vidas e fases da vida que podem ser ‘descartadas’, considera-se que a pessoa concreta, afetada pelo sofrimento, com uma doença incurável ou muita idade, se transforma numa vida indigna e prescindível”, alerta a Associação dos Médicos Católicos Portugueses, depois da reunião deste sábado, em Fátima.
No comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Conselho Nacional da AMCP observa que na sociedade do “bem-estar” e da “qualidade de vida” regida “exclusivamente por parâmetros economicistas”, a visão do ser humano é totalmente orientada por critérios de utilitarismo “para os quais os cidadãos apenas têm valor se ‘forem úteis’ à sociedade”.
“A marginalização crescente e totalitária dos fracos, dos doentes, dos deficientes, dos que sofrem, dos que não têm voz, tornou-se institucional e aparece camuflada sob rótulos de eficiência e de eficácia”, desenvolve.
Segundo a Associação dos Médicos Católicos Portugueses, num contexto de envelhecimento da população e de crise económica, “é bem aceite pelos Estados a proposta economicista de se “suspenderem os tratamentos mais onerosos a doentes mais idosos ou declarados incuráveis”.
Para a AMCP existem “outros riscos” relativos a pessoas jovens, com patologias crónicas, uma vez que em nome do exercício “da liberdade e da autonomia” as pessoas não são “ajudadas a viver a doença, mas, sim, encaminhadas a acabar com a sua vida”.
Para estes profissionais, que testemunham os valores cristãos, a proposta de legalização da eutanásia procura “ocultar” a realidade que se propõe ao “tornar legal que os médicos matem, a pedido, determinados doentes”.
“O dever do médico, reiteradamente reafirmado no juramento de Hipócrates, é defender a vida humana, respeitando-a, procurando preservá-la e cuidar dela”, destacam, recordando o seu código deontológico.
A AMCP é “incompreensível” que a sociedade “não se preocupe em investir nos cuidados de saúde” para proporcionar aos doentes “todos os cuidados necessários à sua situação concreta” mas discuta-se e apresente-se a eutanásia como “solução”.
“É lamentável que, em vez de se lutar por proporcionar todos os meios disponíveis para se cuidar dos mais idosos, das doenças oncológicas e neurodegenerativas, haja a preocupação, não em oferecer os melhores”, sublinham.
A AMPC discordam que se desprezem “os meios em nome de ideologias” e se proclame a eutanásia “como um direito”.
Segundo a Associação dos Médicos Católicos Portugueses, as pessoas anseiam por “experiência profissional, afeto, fuga à solidão, consolo e ajuda em momentos difíceis”, procuram quem as ajude a “encontrar sentido para a vida”.
“Esperamos que Portugal seja um testemunho na luta pela defesa do valor da vida humana”, concluiu o Conselho Nacional da AMCP na sua tomada de posição sobre a legalização da eutanásia.
CB/PR