Se as medidas de austeridade «forem explicadas, os portugueses podem não gostar, mas compreendem», sustenta o antigo líder social-democrata
Fátima, Santarém, 28 set 2012 (Ecclesia) – O antigo líder social-democrata Luís Marques Mendes defendeu hoje, em Fátima, a necessidade um Governo menos “frio” e “crispado” na comunicação das soluções para a crise que tomou conta do país.
“Se as coisas forem explicadas e se for feita pedagogia, os portugueses podem não gostar das medidas, mas compreendem”, sublinhou o advogado e político, presente no debate “Liberdade, responsabilidade, regulação”, incluído nas Jornadas Nacionais de Comunicação promovidas pela Igreja Católica.
Para o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares (2002-2004) numa fase marcada pela implementação de medidas de austeridade, o Executivo liderado por Pedro Passos Coelho “tem toda a vantagem em ouvir mais, em dialogar mais, em estabelecer uma nova relação com as pessoas”.
Marques Mendes ressalvou, no entanto, que a coligação PSD/CDS-PP, “por muitos erros que tenha, não é responsável” pela atual contração económica.
“A coisa mais fácil é criticar a medida A, B ou C, e muitas vezes com razão, agora conviria que as pessoas pensassem que há ano e meio o país foi quase à bancarrota e teve de pedir um resgate que condicionou a sua liberdade de decisão”, apontou.
Olhando para o futuro, o analista político pediu mais ponderação e razoabilidade na relação entre a sociedade civil e o Estado, e também entre os partidos, uma vez que o país “não pode viver crises políticas”.
“Não há alternativa a este Governo, agora para mim é inevitável uma remodelação, que dê um novo elan ao atual Executivo, que está desgastado”, admitiu.
As Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que terminam hoje em Fátima, são dedicadas ao tema “Silêncios e Silenciamentos” nos media.
O evento, acolhido pelo Seminário do Verbo Divino, contou com a presença de cerca de uma centena e meia de participantes.
JCP