Presidente da República encontrou-se com portugueses que trabalham na Santa Sé
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Lisboa, 16 mar 2016 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa iniciou hoje a sua primeira deslocação oficial ao estrangeiro em Roma, onde esta quinta-feira se vai encontrar com o Papa, deixando palavras de elogio ao atual pontificado.
“O Papa Francisco, além de ser uma personalidade dos afetos, é uma personalidade da proximidade, do diálogo, da compreensão, da solidariedade com os mais pobres, explorados e oprimidos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas que o acompanham na capital italiana.
Segundo o chefe de Estado, que vai convidar formalmente o Papa a visitar Portugal em 2017, Francisco é uma figura que chega a crentes e não crentes.
“Na simplicidade da sua vida, na simplicidade das suas palavras, tem sido uma luz muito importante num tempo de guerra, de injustiça, de confronto”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou as comparações que têm surgido, nos últimos dias, entre os seus gestos e os do Papa, evocando o impacto do Concílio Vaticano II (1962-1965).
“O Papa Francisco retoma muito da tradição do Concílio Vaticano II, que marcou a minha juventude. O Concílio representou uma mudança apreciável em muitos aspetos da vida da Igreja Católica, no ecumenismo, na abertura às outras religiões, na sensibilidade ao novo mundo”, realçou.
50 anos depois, acrescentou, reencontra em Francisco uma “preocupação muito grande” com temas que continuam a ser atuais.
“A globalização trouxe atualidade ao diálogo entre as religiões; o apelo à paz, o apelo á justiça, a procura dos mais pobres e esquecidos, de que o Papa fala como periferias, o desinstalar do comodismo muita da sociedade dos nossos tempos”, assinalou.
Para Rebelo de Sousa, essa mensagem “tem tocado gente que é crente e não crente pela forma genuína como o Papa pensa, fala e atua”.
“Isso, naturalmente, também me sensibiliza muito e faz-me invocar o que foi a mensagem do Concílio Vaticano II”, prosseguiu.
O chefe de Estado justificou a escolha do Vaticano como destino da sua primeira deslocação oficial ao estrangeiro, uma semana depois da tomada de posse presidencial, pelo facto de ser esta “a primeira entidade a reconhecer Portugal”, em 1179.
“No momento em que Portugal travava ainda, e travou durante muito tempo, batalhas pela independência, o papado foi a primeira entidade internacional a reconhecê-la e há aqui um reconhecimento por esse gesto, que foi fundamental”, precisou.
Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com um grupo de portugueses ligados a várias instituições do Vaticano, na residência da Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, incluindo os cardeais D. José Saraiva Martins e D. Manuel Monteiro de Castro.
O presidente português vai ter uma audiência privada com o Papa Francisco na quinta-feira às 10h00 locais (menos uma em Lisboa).
O programa inclui um encontro com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e uma breve visita à Capela Sistina, antes da partida para Madrid, onde vai prosseguir a primeira deslocação oficial de Marcelo Rebelo de Sousa.
OC