Portugal: LOC/MTC espera que novo Governo dedique atenção aos «mais desfavorecidos» e contrarie «sentido de individualismo»

Seminário de Leiria acolhe congresso do organismo que aborda questões relacionadas com trabalho, migrações, habitação e cidadania

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Leiria, 07 jun 2025 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) manifestou hoje o desejo de que o Governo, que acaba de tomar posse, dedique atenção aos “mais desfavorecidos” e “contrarie individualismo”.

“Queremos sempre que deem atenção especial aos mais desfavorecidos, em especial ainda e por cima aos que trabalham e não veem respeitado e reconhecido o seu trabalho, os seus direitos”, afirmou Américo Monteiro, coordenador nacional da LOC/MTC, em declarações à Agência ECCLESIA, à margem do congresso nacional deste organismo, em Leiria.

A LOC/MTC pede ao novo governo que contrarie “este sentido de individualismo”, uma vez que a sociedade constrói-se com “o contributo de todos, respeitando a opinião de todos”, realçando que o executivo tem “muita responsabilidade na educação”.

O Seminário Diocesano de Leiria acolhe entre hoje e domingo o XIX Congresso Nacional da LOC/MTC, com o lema “Evangelizar, dignificando o mundo do trabalho” que é proposto para os próximos três anos.

Américo Monteiro explica que as linhas de orientação do organismo dos anos anteriores ainda estão “cheias de atualidade”, isto é, assuntos que a LOC/MTC ainda não conseguiu responder como gostaria e, por isso, ficou decidido que deveriam ser priorizados temas como o trabalho, as migrações, a habitação, questões de cidadania e associativismo, nomeadamente a pouca participação dos cidadãos na sociedade.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

O responsável debruça-se sobre o problema da habitação com que se defrontam os trabalhadores, agravado pelos baixos salários e condições de vida, e sobre a falta de compromisso dos cidadãos em construir uma “sociedade nova”.

O coordenador nacional da LOC/MTC observa também que a “sociedade individualiza muito as pessoas”, algo que considera que “tira a força, especialmente aos trabalhadores”.

Segundo Américo Monteiro, se o objetivo é construir “algo diferente, algo que responda às pessoas, aos mais carenciados”, a sociedade tem de estar “mais próxima”, tem de “haver solidariedade entre as pessoas”.

“A sociedade está a empurrar para o outro lado, está a individualizar muito as pessoas e nas organizações isso cada vez se nota mais, é o desenrasque-se”, lamenta, acrescentando que cristãos têm que contrariar esta postura.

“Não temos que pensar todos iguais, não temos que estar todos nas mesmas estruturas, mas temos que nos respeitar uns aos outros, temos que dialogar uns com os outros e isso é um esforço do movimento como o nosso”, refere o responsável.

Foto: Agência ECCLESIA/HM, Fábio Matos

Entre os participantes no congresso nacional está Fábio Matos, do Movimento de Trabalhadores Católicos da Diocese de Aachen, na Alemanha, que abordou, em declarações à Agência ECCLESIA, a realidade do trabalho naquele país, realçando que a precariedade é alta.

“Estamos também a trabalhar contra isso, a ver se temos maneiras de desenvolver para uma vida melhor”, assinalou.

À Agência ECCLESIA, Jordi Soriano, que integra a Acción Catòlica Obrera (Ação Católica Operária), em Espanha, que se dedica a analisar os desafios que existem neste momento no mundo do trabalho, considerou que é importante que os movimentos de diferentes países estejam em contacto uns com os outros para se perceber o que é feito em cada realidade.

“É bom saber o que os outros estão a fazer, poder participar, poder dar a nossa opinião. E bem, estamos muito felizes por estarmos em Portugal nestes dias”, expressou.

Por sua vez, Marimar Gonsalez faz parte da Hermandad Obrera de Acción Católica (Irmandade dos Trabalhadores de Ação Católica), em Espanha, que acompanha pessoas que sofrem com a precariedade do trabalho e a injustiça, procurando ouvi-las, torná-las visíveis e ser a voz da Igreja.

A entrevistada denunciou vários problemas no mundo do trabalho que afetam nomeadamente os jovens, que não conseguem “desenvolver um projeto de vida a longo prazo”.

HM/LJ

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