Portugal: Instituto de Estudos em Catolicismo e Globalização e CEP apresentam projeto global sobre espiritualidade e mística, com lançamento de duas obras (c/vídeo)

«Quando falamos de espiritualidade e de mística, nós estamos sempre a falar do humano, e estamos a falar de uma relação com o divino» – Eugénia Abrantes

Foto Bernardes Franco

Lisboa, 30 jun 2025 (Ecclesia) – O Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização, com a Conferência Episcopal Portuguesa, vai apresentar esta quarta-feira as duas primeiras obras de um projeto global, original, sobre espiritualidade e mística em Portugal, em Braga.

“A realização de uma história, de modo cronológico, sob a presença da espiritualidade e da mística não existia, e começa mesmo por aí esta originalidade, porque é a primeira vez que este estudo é realizado. Paralelamente, pareceu-nos que era fundamental, embora seja uma obra independente, poder acompanhar a ‘História Global da Espiritualidade e da Mística em Portugal’, de um dicionário global sobre a espiritualidade e a mística, sobretudo centrada na parte ocidental cristã”, disse a presidente do Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização (IEAC-GO), em entrevista à Agência ECCLESIA.

Eugénia Abrantes salientou que a preocupação do IEAC-GO com este projeto sobre a espiritualidade e a mística em Portugal não era fazer “mais do que já está publicado, porque há dicionários bons que estão disponíveis”, mas criar “uma diferenciação”, que, objetivamente, foi “convidar um conjunto de áreas do saber a pronunciarem-se também sobre um conjunto de conceitos que são fundamentais”, e que estão diretamente relacionados, na sua especificidade, com esses dois conceitos, e tem “24 áreas que vão desde a psicologia, a medicina, o ambiente, a arte, a música, a física, o direito, e depois todas as áreas específicas da Teologia”.

“Este é um projeto radicalmente interdisciplinar e inovador também a este nível. Não só há aqui duas áreas fundamentais de diálogo, que é a Teologia e a História, mas também uma série de outras áreas de saber, mais de 20 áreas, passando pela antropologia até a sociologia, a filosofia, etc. E isso realmente é um diálogo raro e inédito neste contexto em Portugal”, acrescentou José Eduardo Franco.

O projeto sobre espiritualidade e mística, com coordenação científica do IEAC-GO e apoio da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), a entidade mecenática parceira, é dirigido por Eugénia Abrantes e José Eduardo Franco, e coordenado pelo padre Manuel Barbosa, secretário da CEP, e o investigador Bruno Venâncio (IEAC-GO).

José Eduardo Franco, investigador e professor universitário, salienta que “é muito interessante este diálogo” que permite levar a público uma dimensão da “história, não só da humanidade, mas também do país, que é fundamental”, a chamada área do campo de património imaterial, que foi “modeladora da identidade enquanto povo, da cultura, da arte”, de uma forma “quase intangível, impercetível”, e que era realmente preciso estudar e sistematizar.

“E é a primeira vez que se faz um estudo sistemático desde os primórdios até a atualidade, que permitirá termos uma visão de conjunto inovadora, e que hoje poderá favorecer outras investigações, outros aprofundamentos, noutras áreas de saber”, assinalou.

O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa recorda que este projeto “acolhido com muito agrado pelo conteúdo que aportava”, quando foi apresentado pelo Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização.

“E foi muito apreciado pela Conferência nestas vertentes da Espiritualidade Mística, História e Dicionário, sobretudo porque no âmbito da Teologia, que é a esfera onde nós nos situamos geralmente, estas duas áreas nem sempre estão bem presentes, no estudo e na investigação, até na própria academia, no próprio ensino da Teologia”, referiu o padre Manuel Barbosa, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

O IEAC-GO e a CEP vão apresentar as duas primeiras obras deste projeto – ‘História Global De Espiritualidade E Mística Em Portugal’ (Tomo I, Volume I), o primeiro de sete volumes, e o ‘Dicionário Global De Espiritualidade E Mística’ (DGEM), já disponível online, – esta quarta-feira,  a partir das 21h00, no Museu Pio XII, em Braga; o programa começa com a conferência ‘A Esperança, um «verbo» que desvela o Céu’, às 18h30, antes do jantar.

José Paulo Leite de Abreu apresenta a ‘História Global de Espiritualidade e Mística em Portugal’, enquanto o ‘DGEM’, tem apresentação do padre Manuel Barbosa e do webdesigner Manuel Pedreiro.

PR/CB/OC

Eugénia Abrantes explica que quando falam de espiritualidade e de mística, estão “sempre a falar do humano, e de uma relação com o divino”, isto é, a forma como o humano percebe, e no contexto cristão, “esse dom e essa graça da presença de Deus”, e, depois, sentindo-a adere a essa presença.

“E na forma como adere é absolutamente exigente e determinante, porque o ser humano acaba por fazer um processo rigoroso de progressão, isto é, poder estar à altura desse Deus que é amor, no sentido de se concretizar uma união, que é a união desejada por Deus; para algumas experiências, para algumas pessoas, e mesmo assim de uma forma muito errada, na forma como se lê, como se fossem, passo a expressão, mas extraterrestres, alguém que já nem humano é, o que é absolutamente absurdo”, acrescentou a presidente do Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização.

A entrevistada indica que procuraram sobretudo dar nota da “imensidade de pessoas que viveram de forma muito especial esta experiência”, e que foram também intervenientes no mundo, porque essas pessoas não se fecharam “e viveram muito autonomamente e isoladamente esta experiência, mas foram de facto grandes empreendedores, grandes mestres da espiritualidade e da mística”.

“Só na história portuguesa há uma miríade de autores ligados à espiritualidade e da mística que são absolutamente relevantes e alguns até são estudados não nessa perspetiva e que agora são olhados à luz, precisamente, daquilo que foi o seu papel na espiritualidade e na mística”, acrescentou José Eduardo Franco, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje, dia 30 de junho, na RTP2.

O investigador e professor universitário observa que quando se entra numa igreja, numa catedral, “às vezes, não se tem “o código para interpretar as dimensões que estão ligadas à espiritualidade e à mística, que estão por trás”, e, agora, têm um código de interpretativo que “é importante para a interpretação literária, a interpretação da arte, no campo da pedagogia, enriquece também em termos de formação aqueles que ensinam”.

O ‘Dicionário Global De Espiritualidade e Mística’ tem 4 mil entradas, distribuídos por 24 áreas temáticas, coordenadas por 27 pessoas, mobilizou 700 investigadores a nível mundial, de mais de 20 nacionalidades, e mais de 200 centros de investigação

“Sobretudo no mundo no qual nós hoje vivemos, que aposta muito na divisão, estamos aqui a trabalhar numa mega equipa de investigadores e com múltiplos centros”, realçou Eugénia Abrantes.

 

 

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