Sacerdote e DJ fala da missão de anúncio do Evangelho pela música eletrónica
Lisboa, 17 out 2024 (Ecclesia) – O padre e DJ Guilherme Peixoto está de volta a Lisboa, para o encontro nacional de jovens, depois de ter acordado mais de um milhão de participantes na JMJ a 6 de agosto de 2023, com música eletrónica.
“Esse momento foi pensado um mês antes e procurei deixar ali as frases fortes que o Papa tinha proferido ao longo daqueles dias em Lisboa” refere à Agência ECCLESIA o padre Guilherme, que este sábado participa no REJOICE, encontro promovido pela Igreja Católica em Portugal para evocar o primeiro aniversário do encontro mundial.
A figura de um padre com gira-discos e auscultadores ainda surpreende muitas pessoas, mas o sacerdote entende que a Igreja olha hoje para os jovens de forma diferente.
“Já não é o para os jovens ‘qualquer coisa serve’… hoje há empenho e aposta-se em oferecer qualidade para que a experiência deixe marca” considera.
Para levar por diante esta missão agradece, o padre Guilherme agradece muito ao sacerdote que o auxilia no trabalho pastoral das paróquias e ao Exército, onde é capelão, para poder prosseguir uma missão “diferente”, perante a qual a Igreja ainda manifesta alguma “resistência”.
“Há sempre muita cautela e muita precaução com aquilo que é novo e certamente a Igreja também a tem comigo” reconhece, afirmando que a sua motivação é “chegar às periferias”.
Para o padre e DJ, a forma como se apresenta é mais do que música, mas todo um conceito que tem de ser trabalhado.
“Que sonoridade vou oferecer, que imagens vou apresentar na tela, que iluminação vamos escolher para que esta mensagem toque os corações? É uma conjugação de artes em palco em função da mensagem” afirma.
O padre Guilherme, como é conhecido, reconhece que sempre gostou de música, mas nunca se interessou por música eletrónica, ligação que se criou após noites de karaoke e de angariação de fundos para a Paróquia de Laúndos, na Arquidiocese de Braga.
“O curioso é que foi a comunidade a puxar por mim, já andava tudo à espera de saber o que o padre ia preparar”, recorda, explicando acabou por frequentar no Porto uma escola para DJ, procurando aperfeiçoar as suas capacidades.
Hoje, com algumas atuações internacionais, o sacerdote mostra-se convencido de que a sua credibilidade no meio artístico não acontece por ser padre, mas pela qualidade do que produz.
“Não posso chegar lá com uma Bíblia, ‘convertei-vos e acreditai’… é a arte que abre as portas, é estar lá com aquela linguagem. Para uns é um primeiro anúncio, para os crentes é dizer alegra-te, tem orgulho em ser cristão”, assinala.
A entrevista vai ser emitida este domingo, no programa ‘70X7’, a partir das 17h30.
OC