Jovem universitária de 25 anos participou na Jornada Nacional da Pastoral da Cultura
Fátima, 03 jun 2017 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, promoveu hoje a sua jornada anual, dedicada à relação entre os jovens e a cultura, e convidou a universidade para partilhar a sua experiência.
“Às vezes existe o risco de pensar propostas da Igreja de forma marginal, fazer propostas paralelas. O caminho talvez possa ou deva passar mais por fundir linguagem, fazer comunhão entre fé e realidade cultural”, disse Catarina Farinha, estudante universitária.
‘Out of the box: A relação dos jovens com a Cultura’ foi o tema do encontro em Fátima, e a estudante considera atualmente se vive um "momento de crise de fertilidade e transformação”.
Para a jovem universitária, este é um tempo “crítico para a Igreja e centros universitários” tentarem “agarrar a camada jovem que vive um contraste brutal”, porque a Igreja Católica pode ter uma “intervenção radical, na raiz, promover cultura para além da superfície”.
“É missão da Igreja ajudar os jovens a viver a cultura por dentro, não por fora como telespetadores”, afirmou a jovem licenciada em Farmácia Biomédica, destacando que a sua geração “tem potencial de fazer cultura e viver cultura de forma muito diferente” das anteriores.
Para a também estudante de Direito em Coimbra “compromisso é a pedra angular” na atualidade e “é um desafio muito grande”.
“Talvez o grande desafio jovens e cultura. Os jovens não estão alienados”, acrescentou a entrevistada, de 25 anos, que frequenta o CUMN – Centro Universitário Manuel da Nóbrega dos Jesuítas em Coimbra.
Referindo que “os jovens não estão alienados”, deu como exemplo a experiência no Orfeão Académico de Coimbra onde “compromisso” é a dificuldade.
Catarina Farinha é também voluntária em projetos com crianças e jovens antes da 13.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura pesquisou e contabilizou que existem 60 festivais de música no verão que “têm em comum a música e público-alvo é a juventude”.
Por sua vez, o professor catedrático Manuel Pinto assinalou que as jornadas “deviam dizer” que os responsáveis católicos estão “profundamente empenhados em ouvir os jovens”.
O docente da Universidade do Minho explicou que foi um “desafio interessante pensar relação com eles”, observando que a sua experiência “mais marcante” foi a “educação dos filhos”.
“Querer escutar e educar, um jogo difícil. Não podemos desistir de ouvir”, acrescentou.
Segundo Manuel Pinto, especialista em comunicação, na cultura atual quere-se “passar unidirecionalmente a mensagem e não ouvir é mortal”.
O docente revelou que descobriu “consciência” de si “na ação católica, na JEC (juventude Escolar Católica) com a metodologia “ver, julgar e agir”, que hoje é necessária para “olhar a realidade”.
A investigadora Maria Helena Vieira, por sua vez, explicou que a partir do tema “fora da caixa” pensou “que há muitas caixas” e lembrou-se de uma passagem do Evangelho segundo São João: “Se não nascerdes de novo não vereis o reino dos céus".
A professora da Universidade do Minho, do Departamento de Teoria da Educação, Educação Artística e Física considera que pela “música” há a “possibilidade desse nascer de novo” porque “despe das palavras, da rotina, dos preconceitos e abre porta dos sentidos”.
“A arte serve para sentir o mundo de outra maneira, estar uns com os outros, ter consciência do que somos, não para ganhar dinheiro, competir”, referiu Maria Helena Vieira.
A 13.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura terminou com a entrega do Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes a Luís Miguel Cintra.
CB/OC