Portugal: «Igreja, felizmente, está aberta a todos os desafios» – D. Virgílio Antunes

Clero de seis dioceses do centro está reunido em formação sobre a comunicação da fé em tempos de mudança

Foto: Jornadas Dioceses do Centro

Fátima, 29 jan 2025 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra afirmou que a Igreja, “felizmente, está aberta a todos os desafios”, falando à Agência ECCLESIA nas jornadas de formação do clero do centro que têm como tema ‘Comunicação da fé em tempos de mudança’.

“Eu vejo hoje uma Igreja muito confiante, muito cheia de esperança, que não está preocupada em catalogar tudo aquilo que se diz, tudo aquilo que se faz, nem em catalogar as pessoas, aberta à novidade. Primeiro à novidade do Evangelho, mas também à novidade que vem da vida das pessoas e procura equacionar tudo, discernir tudo, perceber o significado de tudo”, sustentou D. Virgílio Antunes.

O bispo de Coimbra acrescenta que, naturalmente, a Igreja Católica “não pode acolher exatamente tudo de uma forma acrítica”, porque isso não está na matriz do Evangelho, nem da forma de ser cristão, mas tem que estar atenta e, hoje, a Igreja tem essa “atitude de abertura para conferir tudo, também no seu coração, também na sua vida”.

“E procurar seguir o seu caminho e ajudar a humanidade a fazer um caminho, que seja de paz, que seja de tranquilidade, de encontro consigo mesma e com Deus”, acrescentou.

A Igreja, felizmente, nos dias de hoje, está aberta a todos os desafios”.

Seis dioceses do centro de Portugal – Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Viseu – estão a realizar as suas jornadas de formação do clero, até quinta-feira, no Centro Pastoral Paulo VI, do Santuário de Fátima.

‘Comunicação da fé em tempos de mudança’, é o tema desta formação interdiocesana, que tem como referência bíblica uma frase da segunda carta de São Paulo aos Coríntios: ‘Acreditei, por isso falei’ (2Cor 4,13).

“A fé tem de ser transmitida com simplicidade, com autenticidade, com verdade. Nenhum de nós é dono, nem senhor de tudo, muito menos da verdade, mas todos nos sentimos, por um lado, felizes por ter acolhido o Evangelho de Jesus Cristo, por estarmos continuamente a procurar que seja uma realidade renovada em nós, transformadora da nossa vida, e procuramos que isso transpareça pelo testemunho de vida e pela palavra”, explicou D. Virgílio Antunes.

Questionado sobre o desafio que são também para a Igreja a inteligência artificial (IA) e as redes sociais, D. Virgílio Antunes lembrou que o Sínodo dos Bispos sobre sinodalidade se ocupou desta questão, “em primeiro lugar, das redes sociais, de tudo aquilo que circula como informação, como desinformação, como meio de evangelização”, a criar também alguns obstáculos, problemas e dificuldades, alguns entraves.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

“E o mundo da comunicação é sempre um mundo extremamente importante para a vida das comunidades, porque é pela informação e é pela comunicação que estamos em contato uns com os outros e que podemos acolher a voz de Deus e também ouvir a voz dos outros, a voz do mundo”, acrescentou.

Sobre a IA, o responsável diocesano salientou que está a “encher o mundo de possibilidades e também de preocupações”, ainda não se sabe “muito bem onde é que vai levar esta realidade”, mas têm de estar atentos “às suas possibilidades, mas também aos problemas que pode causar, sobretudo do ponto de vista ético”.

Esta terça-feira, dia 28 de janeiro, o Vaticano divulgou um novo documento sobre o desenvolvimento da inteligência artificial (IA), alertando para os riscos destes sistemas e da concentração de recursos num conjunto de empresas “poderosas”; a nota ‘Antiqua et nova’ (antiga e nova) foi assinada pelos cardeais D. Víctor Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.

D. Virgílio Antunes, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), observou que a Igreja nessa “fase da vida” da caminha sinodal, que “é uma fase feliz” porque há uma descoberta de algumas dimensões que, “porventura, tinham ficado mais escondidas em tempos passados, e mesmo em tempos recentes”.

“Esta realidade de todo o povo de Deus a procurar acolher a fé, participar da vida da Igreja, ser de forma unida e em comunhão, sinal vivo da presença de Deus. Eu acho que é uma realidade que nos alegra, que nos dá estímulos, que nos dá esperança, porque é uma nova forma de nos sentirmos e de estarmos, que nos aproxima muito mais uns dos outros”, acrescentou o bispo de Coimbra, um dos seus representantes na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

LFS/CB/OC

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