D. José Cordeiro diz que o culto se deve transformar em cultura
Fátima, Santarém, 31 jul 2012 (Ecclesia) – D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda e vogal da Comissão Episcopal para a Liturgia e Espiritualidade, diz que a Igreja tem “muito a fazer” para melhorar as celebrações e aproveitar o seu potencial.
“Penso que a Liturgia é aquilo que mais se esbanja na Igreja, porque é o maior tesouro que nós temos”, refere o prelado, em declarações que vão ser hoje transmitidas no Programa ECCLESIA (RTP2, 18h30), acrescentando que “é importante” que este domínio se “apresente cada vez mais belo, mais simples, mais sério”.
No rescaldo do 38.º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica, que decorreu durante a última semana em Fátima, o bispo de Bragança-Miranda salientou “a necessidade de a liturgia não ficar circunscrita ao culto”, pedindo “que passe à vida e se transforme em cultura, em Evangelho vivido no quotidiano”.
“Esse é o grande desafio, passar da fé acreditada à fé celebrada e depois à fé vivida, caso contrário” a “celebração” pode ser “muito bela mas não passa ao coração”, apontou.
Durante o evento, que juntou cerca de 1200 pessoas na Cova da Iria para falar do tema ‘Eucaristia, Sacramento da Caridade’, foi referido que a presença na missa está mais relacionada, em muitos casos, com o cumprimento de um preceito do que com a afirmação de uma fé celebrada e vivida.
Segundo D. José Cordeiro, a mudança de paradigma deve começar em primeiro lugar pelos próprios sacerdotes, que precisam de “tomar consciência” de que estão a presidir a uma celebração “em nome de Cristo e da Igreja” e “não em nome próprio”.
“Não nos estamos a anunciar a nós próprios, mas estamos a tornar presente, à vida, ao coração, à mente, o mistério de Cristo, porque é ele que preside”, sustentou.
Só a partir do exemplo dos presbíteros – acrescentou – é que as pessoas se sentirão “convocadas e reunidas em torno do altar, da Palavra e do sacramento” e as diferentes comunidades se sentirão parte da mesma fé, “uma fé exigente”, que brota de um “Deus maior do que o coração do homem e do que a sua inteligência”.
A formação litúrgica do clero e dos leigos é encarada pelo prelado como uma parte essencial para a renovação espiritual da Igreja e, nesse sentido, o Encontro Nacional de Liturgia assumiu-se como “uma semana extraordinária” de aprendizagem.
“A liturgia não é aquilo que a maior parte das pessoas pensam, um conjunto de rubricas ou cerimónias, é a celebração do mistério de Cristo, é a Bíblia rezada, a fé celebrada e aqui nesta semana cultivam-se todos esses aspetos”, concluiu.
PTE/PR/JCP/OC