«Maioria» dos países para onde portugueses emigram tem prática cristã «quase nula»
Lisboa, 02 jul 2012 (Ecclesia) – A Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) inicia hoje em Alfragide, perto de Lisboa, um encontro com dezenas de padres e leigos que acolhem a diáspora lusa e os imigrantes que chegam ao território nacional.
O programa, anunciado no site do OCPM, prevê intervenções de responsáveis que trabalham em França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo e Alemanha, bem como nas dioceses de Lisboa, Porto, Aveiro, Braga, Viseu, Vila Real, Portalegre-Castelo Branco, Viana do Castelo, Leiria-Fátima, Beja, Évora, Santarém, Bragança e Guarda.
A iniciativa, que decorre até sexta-feira, contempla a participação de clero da Capelania Nacional de Imigrantes Ucranianos de Rito Bizantino e da Igreja Greco-Católica da Ucrânia.
Os 50 anos da OCPM, que se assinalam em 2012, envolveram “milhares e milhares de homens, mulheres, sacerdotes e leigos empenhados”, observou o diretor da Obra ao programa ECCLESIA na Antena 1.
Na emissão que foi para o ar esta sexta-feira, o frei Francisco Sales realçou que a ação da Igreja Católica contribuiu para que os portugueses mantivessem a fé e ajudou a “preservar a identidade e cultura lusas”.
O bispo de Beja, que tem acompanhado a diáspora portuguesa, lembrou na última semana os emigrantes que depois da II Guerra Mundial (1939-1945) foram “explorados” e “aliciados por promessas de angariadores clandestinos”.
“A Igreja ouviu o clamor deste povo e começou a procurar ajudar, religiosa e socialmente”, escreveu D. António Vitalino em nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Foram tempos de luta e de afirmação dos emigrantes portugueses em países onde antes quase nos desconheciam como povo e país”, recordou o prelado, que a 23 e 24 de junho se encontrou com a comunidade portuguesa em Londres, acompanhada espiritualmente pelo padre Pedro Rodrigues, da Diocese de Beja.
D. António Vitalino participa no encontro de Alfragide na qualidade de membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, juntamente com o seu presidente, D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga.
A OCPM quer extrair do seu passado a melhor estratégia para acompanhar, “com novos métodos”, a emigração portuguesa”, dado que “os tempos, as necessidades e até as formas de viver a fé são outras”, e por isso escolheu para tema do encontro a formulação “Celebrar a Memória para Projetar o Futuro”, explicou o frei Sales.
A agenda do encontro inclui o lançamento do livro sobre a “resenha histórica” da OCPM, assinado por Maria Beatriz Costa Trindade, professora jubilada “que foi sempre a grande autoridade a nível universitário em Portugal sobre a sociologia das migrações”, adiantou o religioso.
Mais de 70 mil portugueses estão a emigrar anualmente, segundo um relatório divulgado na última semana pela OCDE, onde se refere que a maioria tem menos de 29 anos.
Portugal surge no estudo ao lado da Grécia, Irlanda, Itália e Espanha, onde se esperava o aumento da emigração devido ao agravamento da situação económica e o desemprego, fatores que também terão causado a diminuição do número de imigrantes.
“A maioria dos países para onde os portugueses emigram são completamente secularizados, onde a prática cristã é quase nula. É um grande desafio para nós”, vincou o frei Francisco Sales.
PRE/RJM/Lusa