Sobre-endividamento das famílias e idosos cada vez mais dependentes confirmam a necessidade de dar alimentos através de 2400 instituições, alerta a presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome
Lisboa 29 nov 2019 (Ecclesia) – A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome afirmou que há um “elevado número de pessoas” que depende das ajudas para viver, valorizou o trabalho voluntário de recolha e distribuição de alimentos e
Em entrevista à Agência ECCLESIA e à Renascença, Isabel Jonet disse que os indicadores do INE sobre a pobreza em Portugal, que apontam para 2 milhões e 200 mil portugueses em risco de exclusão social, que vivem com menos de 501 € por mês, são “muito preocupantes.
“Apesar da melhoria da situação económica, há uma pobreza que é estrutural, em Portugal, que não estamos a conseguir combater”, afirmou a presidente da Federação dos Bancos Alimentares.
Para Isabel Jonet, “é urgente que se encarem medidas que permitam fazer com que, pelo menos as próximas gerações, possam ter a esperança de ver alterada a sua situação real de vida”, o que “só se faz por via da economia”, pela “qualificação no trabalho”.
A economista referiu também que a habitação é “um problema” porque muitos trabalhadores cativam “grande do seu rendimento disponível para a renda de casa, que aumentou muito”.
Isabel Jonet disse também que se assiste hoje, de novo, ao “fenómeno de sobre-endividamento das famílias” e alertou as famílias a não pensarem que “está tudo tão bem, para sempre”, apesar da situação económica ter melhorado.
“Seria bom que fosse assim! Mas o que tendencialmente observamos é que continua a haver um grande número de pessoas – e estes dados estatísticos confirmam-no – que não são completamente autónomas para satisfazer as suas necessidades diárias”, afirmou.
O Banco Alimentar Contra a Fome promove este fim de semana a recolha de alimentos nos supermercados aderentes, em Portugal, e desafia à partilha a partir do slogan ‘Adira a esta rede social e partilhe o que é realmente importante’.
“Este apelo é para que as pessoas adiram a uma rede social que partilha coisas que são absolutamente necessárias, que têm sentido”, afirmou a presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
Para a Isabel Jonet, os portugueses reconhecem o Banco Alimentar “como a entidade de referência e de confiança para canalizar as suas doações de alimentos, sempre numa lógica de partilha”.
A presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a fome disse que os vários bancos entregam os bens recebidos a 2400 instituições de todo o país para os distribuírem por 400 mil pessoas, acompanhando-as e criando programas que “possam promover estas autonomias em cada uma das famílias, equipando-as até com outro tipo de bens, que não sejam só alimentares”.
O Banco Alimentar Contra a Fome criou estruturas que colaboram no processo de promoção de todas as pessoas através dos projetos Banco de Bens Doados, o Banco de Equipamentos, a ‘ENTRAJUDA’, o projeto ‘Tempo Extra’ e a Bolsa do Voluntariado.
Entrevista por Ângela Roque (Renascença) e Paulo Rocha (Agência ECCLESIA)
PR