Portugal: Governo sublinha apoio da Igreja aos migrantes

Entre 100 a 150 mil pessoas partem, todos os anos, em busca de novas oportunidades

Lisboa, 19 jan 2012 (Ecclesia) – O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, afirmou hoje que a Igreja Católica tem um papel “decisivo” para o “acompanhamento adequado” dos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo.

“O Estado nunca teve, e hoje ainda tem menos, a capacidade para chegar a todo o lado”, declarou à Agência ECCLESIA.

O governante destaca a necessidade de participação da sociedade civil, nesta matéria, sublinhando o trabalho desenvolvido pelas “missões católicas” e por “todo o movimento associativo na diáspora”.

Segundo este responsável, tem vindo a verificar-se um “aumento significativo” do fluxo de portugueses para o estrangeiro, num número entre “100 a 150 mil por ano”, embora com algumas mudanças nos destinos escolhidos.

“Esta é uma realidade crescente, desde há meia dúzia de anos, e que é merecedora de um grande acompanhamento e de uma grande atenção”, assinala.

O secretário de Estado das Comunidades refere, por outro lado, que existem “fluxos de imigração ilegal” que só são identificados nos países onde os emigrantes acabam por ficar, correndo o risco de “serem envolvidos por redes de exploração laboral, que por vezes os deixam numa situação delicadíssima”.

“Temos de olhar muito atentamente para este fenómeno e conjugar os meios que o Estado tem com os meios de que a sociedade civil dispõe, para encontrar respostas”, prossegue.

José Cesário admite que o aumento do desemprego faça crescer o número de emigrantes, particularmente em setores como o da construção civil, mas desvaloriza os ‘apelos’ à emigração feitos por elementos do Executivo.

“Qualquer português sabe que se, infelizmente, uma pessoa não consegue uma saída profissional, se esgota as tentativas de encontrar alternativa em Portugal, acaba por se virar inevitavelmente para os mercados lá de fora. Isto não é um apelo, é a constatação de um facto que aconteceu sempre na nossa história”, afirma.

De sexta-feira a domingo, em Fátima, a Obra Católica Portuguesa de Migrações organiza o 12.º encontro de formação de agentes sociopastorais das migrações, apoiado pela Agência ECCLESIA e Caritas Portuguesa, iniciativa que tem por tema ‘Portugal entre a emigração e a imigração’.

José Cesário refere, a respeito da temática escolhida, que hoje muitas das comunidades de emigrantes são “constituídas por pessoas nascidas fora de Portugal, de uma forma já esmagadora”.

“Não podemos deixar de manter uma relação com essas pessoas, quer com aquelas que têm sucesso, que são exemplos de integração e de intervenção local, quer com aquelas que têm insucesso”, observou, antes de elogiar “excelentes exemplos de acompanhamento” destas comunidades em vários países, como França, África do Sul ou Venezuela, por exemplo.

Membros do Governo e da Igreja vão estar juntos na abertura das comemorações dos 50 anos da fundação da OCPM, marcada para sábado, em Fátima.

O secretário de Estado Adjunto do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Feliciano Barreiras Duarte, e o secretário de Estado das Comunidades participam na sessão ao lado de responsáveis da hierarquia católica de Portugal e do Vaticano.

OC

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