Portugal: Governo de maioria absoluta vai ser escrutinado pela «rua» e em Belém – Susana Madureira Martins (c/vídeo)

Jornalista da Rádio Renascença admite que sondagens tiveram «muita influência» no resultado das legislativas, que considera uma «surpresa»

Lisboa, 03 fev 2022 (Ecclesia) – Susana Madureira Martins, jornalista da Rádio Renascença, disse que a maioria do PS, nas legislativas do último domingo, “foi retumbante” e sobretudo “surpreendente”, inclusive para o próprio primeiro-ministro, António Costa.

“Julgo que as sondagens que foram saindo tiveram muita influência, antes e durante a campanha oficial das eleições, e influenciaram o voto, chamando o voto útil, numa votação massiva”, disse à Agência ECCLESIA.

Para Susana Madureira Martins, a “grande expectativa” para esta legislatura, que termina em 2026, é, além da atitude de António Costa perante uma maioria absoluta, a posição de Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República.

A especialista em assuntos políticos aponta como outra grande questão a contestação social na rua, para se perceber se vai haver “mais greves, mais manifestações”.

“Também pode haver um desgaste deste Governo de maioria absoluta pela posição nas ruas”, aponta.

A entrevistada desta quinta-feira no Programa ECCLESIA (RTP2) lembra que os entendimentos com as forças parlamentares e com a concertação social foram uma “marca do discurso de campanha eleitoral” de António Costa, que tem no seu programa várias matérias que precisam do apoio “quer de patrões, quer de sindicatos”.

A repórter parlamentar observa que existiu uma “chamada a rebate” ao voto útil, “sobretudo à esquerda”, com “uma espécie de castigo” para os partidos que foram considerados responsáveis pelo “chumbo” do Orçamento de Estado de 2022.

Susana Madureira Martins assinala que a migração de votos do Partido Comunista (PCP) e Bloco de Esquerda (BE) “se sentiu muito nesta votação em massa no Partido Socialista”, e, até, os números da abstenção “baixaram bastante”.

A jornalista considera que algum eleitorado “teve medo” e foi às urnas a 30 de janeiro “para tomar a sua posição”, apesar do “discurso muito mobilizador” de parte da direita.

“São votos de protesto de um eleitorado que já não queria António Costa e não se revia em Rui Rio”, explica.

O Chega, com 7,1% dos votos e 12 deputados, passou a ser a terceira força representada no parlamento; a Iniciativa Liberal é agora a quarta, com 5% e oito mandatos na Assembleia da República.

PR/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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