Investigadora integra Centro de Estudos de História Religiosa da UCP
Lisboa, 30 out 2020 (Ecclesia) – A investigadora Cátia Tuna, Centro de Estudos de História Religiosa da UCP, é a vencedora da edição 2020 do prémio Fundação Mário Soares e Maria Barroso, pelo trabalho “Não sei se canto se rezo: ambivalências culturais e religiosas do fado (1926-1945)”.
Em comunicado, a instituição sublinha que a investigação “propôs-se estudar a nomeação do fado como oração ou reza”, analisando “os elementos religiosos que lhe são reconhecíveis, nos discursos em que o fado se diz a si próprio, considerando-se oração e religião, e nas divergentes representações e opiniões que dele circulavam no espaço público”.
O Prémio Fundação Mário Soares, que celebra esta ano a sua 22.ª edição, foi instituído em 1998 pela Fundação Mário Soares, com o objetivo de galardoar autores de trabalhos académicos ou de investigação realizados no âmbito da História de Portugal do século XX; desde 2011, o prémio é promovido com o apoio e colaboração da Fundação EDP.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, sobre a sua investigação, Cátia Tuna indicou que, para se legitimar cultural e socialmente, o fado “começou a dizer-se como oração e, também performativamente, começou a elaborar-se como oração, até da parte cénica, a impor-se como uma música válida para aceder ao sagrado”.
“O fado apresentava-se como algo estritamente profano. As primeiras autoenunciações do fado, como algo religioso, tinham um tom sarcástico: ouvia-se «até Deus gosta de fado», colocavam-se santos a tocar”, afirmou.
A investigação teve início em 2013 e Cátia Tuna refere a dificuldade de “domar o tema”, uma vez que, acredita, “poder-se-iam fazer várias teses sobre o assunto”.
O quadro temporal estudado, 1926-1945, compreende o período da instituição da ditadura militar em Portugal e do Estado Novo, que durou até 1974.
LS/OC
Fado: «Uma música válida para aceder ao sagrado» – Cátia Tuna (c/vídeo)