«Queremos afirmar que é necessário construir a paz, e também a ideia, a mensagem da fraternidade» – Patrícia Fonseca
Lisboa, 09 set 2025 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dinamiza o colóquio ‘Fraternidade, novo nome para a Paz’, esta quarta-feira, dia 10 de setembro, entre as 09h00 e as 13h00, no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa.
“Nós quisemos assinalar estes 35 anos com um colóquio para fazer uma reflexão sobre os tempos que estamos a viver, e para afirmar aquilo em que acreditamos e a razão pela qual todos os dias trabalhamos na FEC”, disse a diretora-executiva da FEC, esta segunda-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Sobre o nome deste colóquio, ‘Fraternidade, novo nome para a Paz’, Patrícia Fonseca, explicou que existiu “um grande debate, uma reflexão interna” e existiam duas ideias que tinham de estar presentes, “a questão da paz, que hoje importa afirmar”, e também da fraternidade.
“E nós queremos afirmar que é necessário construir a paz, e também a ideia, a mensagem da fraternidade, que pode parecer naíf e utópica, mas que nos parece muito relevante, à luz também daquilo que é o pensamento social da Igreja e do legado do Papa Francisco, sobretudo na ‘Fratelli Tutti’, que é preciso afirmar a solidariedade universal. E inspirámo-nos na frase do Papa Paulo VI, que dizia, nos anos 60, que ‘o desenvolvimento é o novo nome para a paz’, desenvolveu.
A FEC – Fundação Fé e Cooperação, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, é uma que tem como missão promover o desenvolvimento humano integral, com a visão de construir uma sociedade onde cada pessoa possa viver com dignidade e justiça.
“Para promover o desenvolvimento é preciso, antes, termos relações fraternas, e acreditarmos que somos de facto todos irmãos e termos relação uns com os outros de irmãos. Queremos afirmar neste colóquio o desenvolvimento a partir de uma relação de fraternidade entre pessoas diferentes, de países diferentes, de culturas diferentes, é assim que nasce a FEC, a partir dessa relação de fraternidade, construir a paz”, acrescentou a diretora-executiva da Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento.
Patrícia Fonseca assinala que têm visto, “nos últimos anos, crescer um discurso e uma narrativa de protecionismo, de defesa de fronteiras, de proteger as fronteiras”, mas que, “agora, está a virar prática e a transformar-se em políticas que isolam”, e na FEC acreditam “no contrário, em relações que aproximam”.
O presidente e administrador-executivo da FEC realça que, nos últimos anos, “houve um corte brutal” e esta é a nova realidade da ongd católica, e alerta que está “a ser vendido a uma imagem que é através do poder económico, dos acordos económicos que se constrói a paz”, pela força e pelos acordos económicos.
“E isto é uma mentira, claro, e nós sabemos que não é assim, a paz constrói-se através da relação, desta fraternidade que queremos afirmar. E a Igreja nisso é um sinal, e para todos nós, e temos que combater isso da melhor forma possível e afirmar o melhor possível, de outra forma as coisas não avançam”, desenvolveu Jorge Líbano Monteiro, à Agência ECCLESIA, na entrevista transmitida esta segunda-feira, 8 de setembro, na RTP2.
Para o colóquio ‘Fraternidade, novo nome para a Paz’, que vai decorrer esta quarta-feira, dia 10 de setembro, entre as 09h00 às 13h00, no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa, a Fundação Fé e Cooperação convidou várias pessoas que “têm posições e responsabilidades diferentes” da sociedade civil, do governo, da União Europeia, bispos das Igrejas Lusófonas onde desenvolvem a sua ação.
As inscrições para participar neste encontro encontram-se a decorrer na página da FEC na internet, através de um formulário online.
A Fundação Fé e Cooperação, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, celebra 35 anos, foi criada em 1990, e tem, atualmente, projetos em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
HM/CB/OC
![]() O presidente e administrador-executivo da Fundação Fé e Cooperação explicou que a ongd portuguesa desenvolve a sua ação em três áreas, “trabalhar diretamente no terreno, alavancar projetos, ajudar as pessoas a desenvolverem-se, a maior parte dos projetos”, depois a área da ‘advocacia social’, “no fundo de chamar a atenção para problemas estruturais destes países e da sociedade em geral”, e uma terceira parte que são os encontros dos bispos lusófonos, iniciados há 29 anos. “Arranjar espaços onde os bispos possam reunir e falar, debater as questões que os preocupam, ver o que é que os outros estão a fazer, e, no fundo, um espaço onde pode haver mais relação, mais encontro, mais partilha, e por isso, possibilidade de desenvolvimento de novos projetos, novas ideias, e novas ações”, acrescentou Jorge Líbano Monteiro. O Encontro de Bispos dos Países Lusófonos vai “rodando os países por ordem alfabética” – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste -, realizam-se, “mais ou menos”, de dois em dois anos. A atual edição destes encontros de bispos lusófonos, que reúne os presidentes e os vice-presidentes das conferências episcopais de cada um dos oito países, está a decorrer em Portugal; este 16.º encontro tem como tema ‘Viver a Paz na Hospitalidade’, entre hoje, dia 9, e sábado, 13 de outubro. |