Rede Europeia Anti-Pobreza promove 15.º Fórum Nacional, em Coimbra
Coimbra, 17 out 2023 (Ecclesia) – Maria José Vicente, coordenadora nacional da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, disse hoje à Agência ECCLESIA que uma estratégia nacional, neste campo, deve prever “medidas abrangentes”, que promovam mudanças estruturais.
“Gostaríamos de lembrar a necessidade de combater as causas estruturais da pobreza, incidindo sobre elas de forma muito objetiva”, realçou, falando após a abertura do 15.º Fórum Nacional de Combate à Pobreza e Exclusão Social, iniciativa que decorre até quarta-feira, em Coimbra.
Para a presidente da EAPN Portugal, o país tem de assumir este combate como “um desígnio nacional”, com a consciência de que a pobreza é uma realidade “multidimensional”.
A entrevistada defende uma “distribuição mais justa dos rendimentos”, com o aumento do salário mínimo nacional a ser acompanhado por um aumento do salário médio, e o reforço dos sistemas de proteção social.
O programa do fórum aborda, entre outros temas, as consequências da subida dos preços da energia, dos bens alimentares, dos combustíveis sobre as famílias portuguesas.
De acordo com um relatório da EAPN, Portugal continua a ter mais de dois milhões de pessoas em pobreza ou exclusão social, apesar de alguma “evolução significativa” neste campo.
“Estamos ainda perante um valor significativo de pessoas que estão em situação de pobreza”, observa Maria José Vicente.
Os dados, relativos aos rendimentos de 2021, “não coincidem com a realidade” atual, marcada pela inflação e a crise económica, além do aumento das taxas de juro, “com impactos muito significativos na área da habitação”.
A responsável assume “muitas expectativas” relativamente ao plano de ação para o período 2022-2025 da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, que o Governo aprovou na última quinta-feira e apresenta hoje, Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza.
“Podemos definir ações muito concretas, que possam ter um verdadeiro impacto na vida das pessoas”, aponta a coordenadora nacional da EAPN Portugal.
Para a responsável, o novo plano deve promover “um conjunto de medidas articuladas e, sobretudo estratégicas”, promovendo a “participação de todos”, incluindo das pessoas em situação de pobreza e exclusão social.
Joaquina Madeira, vice-presidente da EAPN Portugal, destaca a mudança do “paradigma da pobreza”, nas últimas décadas, que passou a ser visto como um “problema de sociedade”, em particular após a adesão à atual União Europeia.
“É um problema que a esfera pública tem de interiorizar, determinando ações e medidas”, sustentou.
A entrevistada entende que o plano de ação 2022-2025 promove uma ação que ultrapassa a ideia de “medidas avulsas, pontuais, esporádicas que só perpetuam a pobreza”.
“A nova estratégia é um sinal de esperança”, admite.
PR/OC