Portugal: É preciso «repensar a cultura escolar»

Diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica alerta para a forma negativa como muitos alunos encaram o estudo

Lisboa, 25 jun 2014 (Ecclesia) – Um terço dos jovens que não prosseguem os estudos após o secundário fazem-no por “não gostarem de estudar”, o que segundo o diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, deve levar a “repensar a cultura escolar”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, José Manuel Sardica realça que há hoje em Portugal “um largo extrato de alunos que não vai para o ensino superior porque não lhe apetece, porque não sente estímulo, porque o estudo é uma coisa pouco simpática”.

É nesta “variável não económica” que “as universidades, as famílias, podem atuar”, sublinhando a importância da formação superior enquanto “algo que fornece competências para a vida”, aponta o docente.

Em termos de soluções, o diretor da Faculdade de Ciências Humanas destaca a importância das instituições escolares demonstrarem aos jovens “que vale a pena investirem num curso”, através da aposta em propostas cada vez mais orientadas para as suas necessidades e para a realidade do mercado.

“Devem haver estudos sérios sobre a empregabilidade dos cursos, os alunos, os pais, quando olham para as escolhas, devem ter uma indicação dos últimos quatro cinco anos, que empregabilidade é que o curso teve”, defende José Manuel Sardica.

Por outro lado, aquele responsável considera fundamental o “reforço da ligação entre universidade e sociedade em geral, no equilíbrio entre aquilo que o mercado absorve e aquilo que é o cultivo do conhecimento como formação individual”.

“Temos de encontrar aqui um ponto em que a universidade tenha o seu público e sobretudo justifique a aposta que as famílias hoje em dia fazem e que, em alguns casos, o ponto de vista económico já é uma aposta forte”, complemente o professor.

Atualmente, segundo José Manuel Sardica, são também cada vez mais os jovens que não seguem os estudos superiores porque querem a sua “independência mais cedo, querem ter o seu emprego já”, no final do secundário.

Pela realidade dos números, frisa o diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, os “indicadores” continuam a dizer “que uma pessoa com ensino superior continua a ser em média melhor paga e tem mais hipóteses de emprego do que outra que não tem”.

Agora “é preciso é que haja uma cultura que valorize a formação desde o ensino básico ao superior”, reforça.

No caso da Universidade Católica, a prioridade tem passado também por um “acompanhamento individualizado dos alunos”, tanto do ponto de vista humano como pedagógico”, e por uma ligação cada vez mais estreita com as empresas e potenciais empregadores.

José Miguel Sardica integra um grupo de colaboradores da ECCLESIA que semanalmente comenta a atualidade informativa cuja análise completa pode encontrar no canal 524995 da plataforma MEO.

LS/JCP

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