Portugal: «É cada vez maior o desafio de acompanhar as pessoas mais frágeis» – Rita Valadas (c/vídeo)

Presidente da Cáritas Portuguesa sublinha resposta de «proximidade» que a instituição católica oferece em todas as dioceses

Foto: Cáritas Portuguesa

Lisboa, 17 mar 2025 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que o número e a diversidade de situações de fragilidade social, no país, representa um “desafio” para a instituição de solidariedade e resposta humanitária da Igreja Católica.

“É cada vez maior o desafio de acompanhar as pessoas mais frágeis na sociedade portuguesa, sejam elas residentes portuguesas ou sejam estrangeiras, em situação legal ou ilegal. A diversidade é enorme”, assume Rita Valadas, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A responsável refere que a diversidade e a mudança nas “situações de pobreza e grande fragilidade” são um problema para quem está no terreno.

“Temos desde as situações de grande fragilidade financeira a situações de completos desenraizamentos, como os estrangeiros, sobretudo os que vêm em situação ilegal e que estão connosco”, explica.

A presidente da Cáritas Portuguesa lembra que há pessoas a viver na rua, a viver “dentro de lojas” ou “amontoadas em andares”.

Rita Valadas entende que as respostas sociais exigem a maior proximidade possível, pelo que a instituição católica, presente em todo o país, acompanha a “mudança social que tem havido nos territórios”.

A Cáritas celebra, entre os dias 16 e 23 de março, a sua Semana Nacional, com diversas iniciativas, entre elas o Peditório Nacional, que leva milhares de voluntários às ruas e que também vai ser realizado online, sob o lema ‘Envolva-se’.

“Este envolvimento é um envolvimento com uma realidade que está a mudar muito rapidamente, a situação das fragilidades em Portugal”, indica a entrevistada.

Para a presidente da Cáritas Portuguesa, a instituição é capaz de uma “uma leitura mais detalhada sobre a realidade, que permite agir em conformidade.

A Cáritas está presa aos territórios e às suas fragilidades, não está presa aos programas, usa-os de acordo com as necessidades dos territórios e as potencialidades que cada recurso tem e isso é estar mais próximo, é existir próximo das pessoas que estão nos territórios”.

Rita Valadas alude à “rapidez de mudança” dos problemas, que geram “muita dificuldade em ser consequente com as reais necessidades dos mais vulneráveis em Portugal”, por parte de quem tem responsabilidades de definir estratégias.

“A Igreja olha para as pessoas e não para os programas”, indica, considerando que o objetivo é “tentar mudar a vida” de quem é ajudado, promovendo “uma situação mais digna, mais equilibrada e mais saudável, na proximidade”.

A responsável convida todos a procurar saber como “podem ajudar a Cáritas a colaborar nos territórios mais próximos, em termos nacionais, em termos europeus e internacionais”.

O tema está em destaque na emissão do Programa ECCLESIA, esta tarde, pelas 15h00, na RTP2.

No âmbito da Semana Nacional, vai decorrer o evento “Retrato da Pobreza em Portugal e na Europa:  da Realidade à Esperança”, que atualiza os dados sobre esta temática e atualiza as iniciativas da Cáritas no país.

A apresentação acontece esta terça-feira, a partir das 09h30, no Auditório Alto dos Moinhos, em Lisboa, com a presença de Maria Nyman, secretária-geral da Cáritas Europa.

Anualmente, a Cáritas presta apoio a cerca de 120 mil pessoas, através das Cáritas Diocesanas e dos grupos paroquiais que fazem parte da rede nacional.

HM/OC

Foto: Cáritas Portuguesa

Ana Santana, que trabalha na área da capacitação e desenvolvimento da Cáritas Portuguesa, elaborou uma caracterização da rede Cáritas no país, num trabalho inédito que passou pelo levantamento de dados como “o número de colaboradores, o número de voluntários, o número de respostas sociais e outros serviços prestados.

“Também fizemos um mapeamento dos grupos de paróquias de ação social nas diferentes Cáritas diocesanas, bem como necessidades no terreno que as Cáritas enfrentam”, refere à Agência ECCLESIA.

O trabalho foi desenvolvido no âmbito da visita às Cáritas diocesanas, durante três anos, entre 2021 e 2023, sendo apresentado como um “instrumento estratégico”.

“As Cáritas que trabalham mais no interior, com paróquias do interior, por exemplo, têm respostas mais para o isolamento. As Cáritas mais urbanas têm respostas para problemas mais urbanos, como por exemplo a habitação”, precisa Ana Santana.

A responsável destaca a “capacidade das Cáritas diocesanas de se adaptarem e de tentarem corresponder o melhor possível às necessidades das pessoas”.

“As Cáritas diocesanas mostraram que têm adaptabilidade e flexibilidade. O que elas podem procurar com este estudo é aprender umas com as outras”, acrescenta.

 

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