Portugal: Diretora da Obra Católica das Migrações destaca exemplo do futuro santo João Batista Scalabrini

Eugénia Costa Quaresma recorda trabalho do fundador dos Scalabrinianos no acompanhamento de migrantes

Lisboa, 06 out 2022 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) afirmou hoje que João Batista Scalabrini (1839-1905), que o Papa vai canonizar este domingo, “é um testemunho também para os bispos”, para a necessidade de acompanhar “a comunidade que emigra”.

“Pegando na realidade de hoje, na diáspora portuguesa, esta necessidade de o bispo acompanhar também a comunidade que emigra, seja com o envio de sacerdotes, seja indo visitar pastoralmente. E como ficam felizes as comunidades quando são visitadas pelos nossos pastores”, disse Eugénia Costa Quaresma, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A diretora da OCPM, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, realça que João Batista Scalabrini também deu um testemunho de que “é importante dialogar com os Estados, dialogar com a sociedade”, um trabalho de articulação, “de construir pontes”, e de procurar melhorar a situação.

O futuro santo nasceu em Fino Mornasco, na província de Como (Itália), em 1839, e morreu, em 1905; foi bispo de Piacenza, e fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeu (Scalabrinianos) e da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlo Borromeu (Scalabrinianas) e inspirador das Missionárias Seculares Scalabrinianas.

Eugénia Costa Quaresma lembra que o religioso italiano, quando era pároco, tentou perceber porque é que a sua comunidade estava a emigrar, e foi capaz de “dar um passo mais para além de ver, de se sentir incomodado”, e criou congregações religiosas para dar assistência religiosa a esses migrantes.

A diretora da OCPM recordou que das muitas cartas que João Batista Scalabrini recebeu dos migrantes na América, uma dizia: “Não somos tratados humanamente”.

Segundo a responsável católica, hoje, nas comunidades portuguesas na Europa, existe o “cuidado de melhor incluir” os migrantes e que “as comunidades de outras nacionalidades façam parte da Igreja”, uma evolução no cuidado pastoral que “não é só primeiro acolhimento, mas a promoção e inclusão”.

A nível mundial, para a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações “é preciso pensar nas causas das migrações”, que, muitas vezes, “são políticas, não é uma vontade da pessoa, é forçada a migrar”, são ambientais, “as pessoas precisam de comer, precisam de se abrigar”.

“A mobilidade faz parte da nossa realidade desde sempre, portanto, vamos aceitar isso. Temos é de lidar com os nossos medos, com as nossas desconfianças, como é que podemos cuidar disso: Como é que podemos ser irmãos, como é que podemos construir uma família humana, falando diversas línguas, tendo diversas culturas”, desenvolveu.

Eugénia Costa Quaresma pertence à Paróquia da Amora (Diocese de Setúbal), acompanhada por missionários Scalabrianos, e recorda que participou num campo de férias itinerante que a levou a conhecer os lugares associados ao beato João Batista Scalabrini, onde nasceu, viveu e “descobriu esta vocação muito especial”.

“A grande aprendizagem nesse verão foi que a linguagem do amor é universal. Podemos não saber falar a língua, mas se amamos, se cuidamos, conseguimos atingir os objetivos e dar um testemunho do Evangelho”, acrescentou.

A Paróquia da Amora informa que se vai associar e participar na canonização de João Batista Scalabrini, este domingo, a partir das 09h15, transmitindo a celebração a que o Papa vai presidir na Praça de São Pedro, seguindo-se a bênção do quadro dedicado ao futuro santo que está sobre a porta central da igreja.

PR/CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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