Portugal: Diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados destaca «hospitalidade como valor fundamental a defender»

É preciso retomar os «princípios» do ideal europeu, diz André Costa Jorge

Lisboa, 17 fev 2017 (Ecclesia) – O diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) destacou hoje a necessidade de fazer valer “a hospitalidade como valor fundamental a defender” no espaço público e através das leis e normas sociais.

Num texto integrado na edição mais recente do Semanário ECCLESIA, publicada esta sexta-feira, André Costa Jorge realça a crise atual de refugiados que bate à porta da Europa, e “as constantes violações dos direitos humanos” que milhões de pessoas têm sofrido na pele, para apelar a uma mudança de paradigma na sociedade.

No meio da “hostilidade” com que diversos países têm olhado para a questão do acolhimento aos refugiados, muitas fronteiras “converteram-se em lugares de dor e morte”, as mesmas fronteiras que, em muitos casos, “serviram também para favorecer o negócio dos traficantes e passadores”, escreve aquele responsável.

Para o diretor-geral do JRS, é “legítimo” questionar a abertura das fronteiras, o que já não é admissível é que os Estados se demitam da sua missão de “respeitar e proteger os direitos humanos”.

E aqui André Costa Jorge lamenta não só o “endurecimento das políticas de controlo” mas também a escalada de “hostilidade face aos refugiados”, visível nos “discursos públicos e práticas que estigmatizam e se autoalimentam”.

“Não é necessário elencar exemplos, porque todos somos testemunhas do que tem sido feito e dito na Europa e que tem contribuído para a indignação face a estas pessoas”, aponta aquele responsável.

No meio deste contexto, André Costa Jorge salienta que tem sido na “resposta social” que se têm encontrado “sinais positivos de acolhimento e solidariedade que, em parte, podem contribuir para que algumas políticas sejam mudadas”.

E espera que no futuro a crise atual ajude “a perceber que a mobilidade de pessoas, e não só a causada pela guerra”, favoreça um regresso aos “princípios, valores e políticas” que estiveram na base da “ideia europeia”, entre os quais está “a tradição da hospitalidade”.

“Aquele que pode parecer hoje um valor em desuso, renegado para segundo plano, tem mostrado serenamente que não está esquecido, através dos inúmeros gestos de pessoas e comunidades que abrem as portas de casa e os seus corações ao estrangeiro”, recorda André Costa Jorge, que lembra ainda que todas as pessoas passam por momentos de vulnerabilidade e necessidade.

“Esta é a primeira condição para a construção da hospitalidade: ligarmo-nos à nossa condição de seres vulneráveis e necessitados de cuidados sem nos esquecermos de que precisamos do outro, dos outros, para viver. Não só individualmente, mas enquanto uma nação ou sociedade”, conclui o diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados, um organismo ligado à Companhia de Jesus.

JCP

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