Diretora da informação da Renascença considera um excesso de ideologia em torno da questão
Lisboa, 09 fev 2018 (Ecclesia) – A diretora de Informação da Rádio Renascença, Graça Franco, defende que o debate sobre a eutanásia é “transversal”, “de crentes e não crentes”, mas “não está cimentado na sociedade portuguesa”.
“Não estamos a falar de quem acredita em Deus, é de crentes e não crentes, do valor da vida e se vamos achando que as vidas que têm direito a ser vividas são aquelas que são produtivas, que estão na sua plenitude e vai levar-nos a uma situação que há vidas que não podem ser vividas”, desenvolveu a jornalista.
Na análise à atualidade, no programa ECCLESIA na RTP2, Graça Franco considera que existe um excesso de ideologia e afirma que não se pode pensar que se gasta, por exemplo, “milhões às pessoas” nos impostos.
“É a consagração que há vidas descartáveis”, frisa, observando que é mais fácil investir na eutanásia do que em cuidados continuados.
Para a diretora de Informação da Rádio Renascença uma prova que o debate sobre a eutanásia “não está cimentado na sociedade portuguesa” foi a ausência do tema nas últimas eleições.
“No fundo estava totalmente arredado, embora o Bloco de Esquerda (BE) já antes tinha noutros programas eleitorais mas estrategicamente retirou nas últimas”, observou.
Neste contexto, recordou que recentemente numas jornadas do BE o antigo diretor geral da Saúde de Portugal, Francisco George, defendeu a aprovação da Lei da Eutanásia pelo “interesse público” porque no final da vida “há abusos médicos”.
“O prolongamento da vida para além do que é razoável, de uma análise benefício para o doente, custo económico da manutenção da vida, é má prática médica”, acrescentou, realçando que “a vida não pode ser prolongada a um moribundo” para além de todos os limites, “sem esperança de cura artificialmente e com prejuízos para o doente”.
Segundo a comentadora, a esta situação chama-se “distanásia”, ou seja, um prolongamento artificial da vida que “não leva a lado nenhum” e é “má prática médica”, com “custos para o erário público” se for tratado no Serviço Nacional de Saúde e “exploração do doente e famílias se for no privado”.
“Se alguém testemunha estes casos tem de denunciar e não precisa de nenhuma lei, precisa de bom senso”, referiu.
Para a diretora de Informação da Rádio Renascença, Graça Franco, aceitar a morte é o que se tem “de mais natural na vida” porque vai existir um momento em que todos têm o direito de dizer “agora quero morrer em paz”.
HM/CB/PR