Presidente da CEP defende reforço do apoio do Estado a Instituições de Solidariedade
Fátima, 07 nov 2022 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a “grave” crise socioeconómica, provocada pelos efeitos da pandemia e da guerra, afeta particularmente “os mais vulneráveis”, pedindo soluções concertadas, a nível político.
“Entre os mais prejudicados estão, como sempre, os mais vulneráveis: as famílias pobres e de baixos rendimentos; os jovens à busca de emprego; os idosos e agora as famílias de classe média, com grandes taxas de esforço para honrar os compromissos com a habitação e a educação dos filhos”, assinalou D. José Ornelas, na abertura da 204.ª Assembleia Plenária da CEP, que decorre até quinta-feira.
O bispo de Leiria-Fátima recordou ainda os pequenos e médios empresários, afetados pelo “agravamento das taxas de juro e o aumento galopante da inflação”.
O responsável católico afirmou que as políticas definidas na Europa e em Portugal “podem diminuir algumas consequências”, mas, a longo prazo, “não vão resolver os maiores problemas”.
“As medidas paliativas de emergência tomadas pelo Governo português são importantes para responder ao apoio de emergência, mas é imprescindível realizar convergências de regime com base nos partidos e com consistência parlamentar”, sustentou.
D. José Ornelas apelou à definição de políticas estruturais, de médio e longo prazo, que “permitam mitigar os efeitos da inflação e incentivar o crescimento, tendo como preocupação o combate à pobreza, a diminuição das desigualdades sociais e o bem-estar dos cidadãos, com uma mais justa repartição da riqueza”.
O discurso abordou o impacto da crise instituições de solidariedade social, muitas das quais ligadas à Igreja Católica, que coloca em risco a sua “sustentabilidade”.
“A justa e imperiosa necessidade de aumentar os ordenados dos trabalhadores destas instituições para fazer face à inflação e aos baixos salários que já recebem, confronta-se com a situação financeira aflitiva em que estas instituições já se encontravam, particularmente devido à pandemia”, indicou o bispo de Leiria-Fátima.
O presidente da CEP apelou a uma “uma atenção especial”, por parte do Estado, com estas instituições, observando que aquele “sustenta apenas uma parte limitada do esforço financeiro”.
D. José Ornelas advertiu que uma eventual falência das instituições viria “agravar a situação das centenas de milhares de pessoas que delas dependem”.
OC
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