Jornada de Teologia Prática analisa resposta cristã em contexto de fragilidade
Lisboa, 25 out 2013 (Ecclesia) – Alfredo Teixeira, diretor do Instituto Universitário de Ciências Religiosas da Faculdade de Teologia (IUCR-FT), considera que o cristianismo tem a “marca genética” da “vulnerabilidade” e possui um “capital simbólico” a “potenciar” no ambiente de fragilidade atual.
“O cristianismo tem uma marca genética: é uma religião a partir da fragilidade. Não é uma religião que no seu percurso de implantação a partir das primeiras gerações contrua a imagem de um Deus vencedor, mas um Deus das vítimas, do crucificado”, disse o professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica (UCP).
Em declarações Agência ECCLESIA à margem da IV Jornada de Teologia Prática, que hoje decorre no auditório Cardeal Medeiros, na UCP, Alfredo Teixeira afirmou que o cristianismo pode rentabilizar essa marca para “pensar a condição humana na sua fragilidade”.
“O cristianismo tem um capital simbólico interessante que a todo o momento pode rentabilizar para pensar a condição humana na sua fragilidade e sobretudo naquilo que é a experiência social da vulnerabilidade”, afirmou Alfredo Teixeira.
O diretor do IUCR-FT considera que a vulnerabilidade vai para além das “situações clássicas” de pobreza e exclusão e atinge muitas pessoas que, em situações “relativamente estáveis”, constatam o “risco dessa estabilidade”.
“As pessoas que vivem em situações relativamente estáveis sabem que é muito grande o risco dessa estabilidade ser ferida e viver uma fratura, o que introduz coisas novas na compreensão que têm de si e da fé”, sublinha.
Alfredo Teixeira recorda que a tradição cristã sempre “disse Deus a partir da Fragilidade”.
A Jornada de Teologia Prática é uma iniciativa que “promove o debate a partir da experiência, do meio eclesial e a esse meio quer regressar”, que na IV edição analisou o “Quando me sinto fraco então é que sou forte: para uma teologia da vulnerabilidade”.
Para Alfredo Teixeira a sociedade atual carateriza-se pela o experiência do “risco” onde “se tornou difícil viver” apesar de haver “enormes oportunidades” para a afirmação, a autonomia e a liberdade do indivíduo.
“Este individuo está mais só. As estruturas sociais e comunitárias que numa sociedade tradicional o acompanham e garantem a estabilidade do seu lugar não se reproduzem nas nossas sociedades”, analisa o teólogo e antropólogo.
A Jornada de Teologia Prática é promovida pelo Instituto de Ciências Religiosas da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
PR