«Combate à pobreza não se compadece com protagonismos mediáticos nem com voluntarismos inconsequentes», realçou Cavaco Silva
Lisboa, 18 jun 2013 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa defendeu hoje em Lisboa a necessidade do Estado apostar mais nas potencialidades das instituições sociais, nas redes de empreendedorismo local e na chamada economia social no combate à crise.
No encerramento do seminário ‘A Economia Local, o Emprego e o Desenvolvimento Local’, promovido pela Cáritas Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva admitiu que vários projetos potencialmente geradores de riqueza, de emprego e de inclusão social, ficaram por concretizar no passado devido à “perspetiva centralizadora” da “administração do Estado”.
Para aquele responsável, numa época em que Portugal atravessa “momentos particularmente difíceis”, é “essencial um compromisso que envolva os cidadãos, as empresas, as organizações não-governamentais, as comunidades locais e as autarquias” na definição de soluções.
“Estes protagonistas da Economia Social podem dar resposta a carências e alcançar objetivos que o Estado revela dificuldades em suprir e em atingir. Para o efeito só precisam de agir de forma concertada para evitar desperdícios e potenciar as vantagens da proximidade e do seu conhecimento dos laços sociais e de vizinhança”, apontou.
O presidente da República alertou para a importância do Estado, das autarquias, das instituições sociais, das empresas, trabalharem “em conjunto na prossecução de objetivos comuns, sublinhando que “o combate à pobreza não se compadece com protagonismos mediáticos nem com voluntarismos inconsequentes”.
Durante o seminário, que decorreu no auditório do Banco de Portugal, a Cáritas apresentou o estudo “Estratégia para a promoção do emprego e a dinamização do desenvolvimento local, enquanto fator de inclusão social”.
O projeto visou a identificação de alternativas consistentes para a resolução de problemas sociais em cada vez maior número, a apresentação de mecanismos de dinamização de emprego a nível local, a redução da pobreza e a promoção da inclusão social, tendo como base as organizações da sociedade civil.
Depois de ter apresentado o trabalho ao presidente da República e a outros responsáveis políticos e económicos, como o ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, Eugénio Fonseca garante que vai procurar levá-lo a todas as “instâncias que possam dar um contributo para a operacionalização das ideias, sejam elas oficiais ou da sociedade civil”.
No que diz respeito à geração de emprego e ao combate à pobreza, que hoje ameaça mais de dois milhões e meio de portugueses, a Cáritas propõe a aposta em setores como a agricultura, as profissões tradicionais, a assistência social e a reabilitação urbana e patrimonial.
Segundo o presidente da Cáritas, “não basta, para superar a crise, fixarmo-nos em medidas restritivas, ao mesmo tempo isso pode fazer-se reabilitando áreas produtivas que terão dois objetivos, primeiro manter as forças anímicas das pessoas e por outro lado garantir a criação de autoemprego.
“As políticas neste momento têm sido grande parte delas de emergência social, não está mal, mas temos de começar a distinguir a assistência do assistencialismo, evitar que se criem mecanismos que levem as pessoas a se resignarem e a passarem a viver indefinidamente de medidas de proteção social”, conclui.
JCP