Cáritas e Conferência Episcopal assinalaram Dia Mundial do Refugiado com iniciativa em Lisboa
Lisboa, 20 jun 2018 (Ecclesia) – O primeiro-ministro António Costa disse hoje na iniciativa ‘Vem e Partilha o teu Pão’, da Cáritas e da Conferência Episcopal Portuguesa, que a questão dos refugiados é um “problema de todos”.
“Não podemos deixar de olhar para o tema dos refugiados como sendo uma responsabilidade nossa, que temos de partilhar com os outros países da União Europeia”, assinalou António Costa, na iniciativa que visou assinalar o Dia Mundial do Refugiado.
O chefe de Governo falou num tema que “está na ordem do dia” e tem, também, uma “longa história” em Portugal, dando o exemplo da sua própria família, com exilados no Brasil.
António Costa pediu novas políticas para as migrações e refugiados, uma “questão central” para a Europa, “área de paz e de segurança”, vizinha de outras áreas de “grande risco”.
Dar proteção aos refugiados, acrescentou, é “dar oportunidade de contruir ou reconstruir um projeto de vida”.
“Tenho muito orgulho na disponibilidade que a sociedade portuguesa tem tido em construi soluções”, acrescentou.
O primeiro-ministro considerou “imperdoável” que menores sejam separados dos seus familiares em qualquer fronteira.
O chefe de Governo agradeceu o trabalho da Cáritas e da Conferência Episcopal na abertura e disponibilidade para “acolher aqueles que mais merecem ser acolhidos”.
A sessão decorreu no Salão Almada Negreiros, na Gare Marítima da Rocha Conde d’Óbidos, em Lisboa.
A abertura do evento inserido na Semana de Ação Conjunta Mundial “Partilhar a Viagem” contou com uma intervenção de Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, o qual recordou os milhões de pessoas em fuga de “dramáticas guerras fratricidas”.
“O migrante e o refugiado são pessoas vulneráveis à exploração e a diferentes formas de abuso”, advertiu o responsável, que lamentou o recrudescimento de “reações antiemigração” em muitos países da Europa
A migração como “direito de cada pessoa”, observou Eugénio Fonseca, só se torna problemática quando é uma “escolha forçada”.
O presidente da organização católica adiantou que a Cáritas Portuguesa vai apresentar um protesto junto da embaixada norte-americana em Portugal, a pedir a revogação da lei que permite a “maldade” de separar crianças de pais na fronteira EUA-México.
O padre Manuel Barbosa, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, elogiou por sua vez o esforço desenvolvido no país para promover o acolhimento dos refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano, desejando que o encontro desta tarde sensibilize todos os participantes para esta causa.
Pedro Bacelar Vasconcelos, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, lamentou a “indiferença e o egoísmo” de países da União Europeia perante o drama de um barco carregado de refugiados, como aconteceu no recente caso do Aquarius, bem como a política de “tolerância zero” assumida pela administração Trump, nos EUA.
Numa mesa-redonda de partilha de experiências de vida, Rafat Dabah, sírio que vive em Portugal há 2 anos, conversou com a atriz brasileira Joana Balaguer, também a residir em território português, e o padre jesuíta Paulo Duarte, com moderação da jornalista Alice Vilaça.
O encontro concluiu-se com momento de partilha simbólica do pão, para “transmitir a cultura do encontro, promovida pelo Papa Francisco, fundamental para melhor acolher e integrar quem decide ou é forçado a sair da sua casa”, explicou a Cáritas Portuguesa.
A campanha ‘Partilhar a Viagem’ foi lançada pelo Papa Francisco, em setembro de 2017, e tem como principal objetivo promover a “Cultura do Encontro” com migrantes e refugiados.
OC
A dignidade da pessoa não depende de ela ser cidadã, migrante ou refugiada. Salvar a vida de quem foge da guerra e da miséria é um ato de humanidade. #WithRefugees @M_RSeccao
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) June 20, 2018