Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz pede novos métodos para retratar com rigor situações de exclusão social
Lisboa, 30 nov 2012 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) afirmou hoje em Lisboa que a aposta na educação é essencial para quebrar o ciclo da pobreza no país, pedindo ainda novas formas de avaliar situações de exclusão social.
“O setor da educação e da formação profissional é onde se faz a transmissão da pobreza de uma geração a outra e é o setor ideal para quebrar o ciclo vicioso”, disse Alfredo Bruto da Costa, durante a conferência ‘Empobrecimento. Construir a ajuda’ organizada pela Antena 1 e o Jornal de Negócios, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.
Segundo este especialista, a educação é uma das quatro áreas que, na análise de pobreza portuguesa, exige uma intervenção de fundo para que se possa chegar a uma diminuição “substancial” do fenómeno.
“Não é qualquer sistema educativo que resolve o problema da educação das crianças pobres”, alertou ainda.
Bruto da Costa aludiu também aos setores do “mercado de trabalho e sistema de salários”, “o sistema de Segurança Social” e “o padrão da desigualdade”
O antigo presidente do Conselho Económico e Social disse aos jornalistas que o Governo deveria agilizar os inquéritos que permitem retratar a situação da pobreza em Portugal, em paralelo aos que são feitos pelo INE e o Eurostat, porque “a urgência é muito grande”.
Estes resultados dariam “uma ideia mais concreta de como atacar a pobreza”, disse o sociólogo, num momento em que os dados mais recentes em Portugal retratam a situação de 2010, altura em que a percentagem de portugueses em risco de pobreza era de cerca de 18%.
“A pobreza não só marginaliza os pobres, mas é também uma pobreza marginalizada do ponto de vista político”, acrescentou.
O presidente da CNJP entende ser “preocupante” o facto de mais de 50% dos desempregados não terem direito a subsídio de desemprego.
“Sabemos que o desemprego aumenta e que, independentemente de haver subsídio de desemprego que é insuficiente para uma família viver, temos casos de mais de metade dos desempregados que não têm nada”, afirmou.
Sérgio Aires, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, disse, por seu lado, que a falta de investimento na atualização de dados estatísticos “quer dizer alguma coisa no combate à pobreza”.
Segundo este responsável, o Estado Social é “um fator produtivo” e deixou mesmo um desafio: “Fechem as creches e os jardins de infância e onde é que nós vamos trabalhar?”
O presidente da organização europeia acrescentou que o país precisa de “emprego de qualidade” e não de precariedade.
OC