Bispo das Forças Armadas considera que o debate na Assembleia da República da petição popular sobre a lei do aborto reafirmou «pressupostos ideológicos»
Lisboa, 10 jul 2015 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança afirmou que há um “alargamento do fosso” entre a “casa da democracia” e o cidadão, demonstrado pela “não” discussão pelos deputados da petição popular sobre o aborto.
Num artigo de opinião publicado na última edição do semanário digital Ecclesia, D. Manuel Linda considera que a Assembleia da República “não discutiu” a “petição popular que visava alterar a regulamentação da lei do aborto”, reafirmando apenas “pressupostos ideológicos”.
“E aqui é que está o «busílis» da questão: o povo usa um instrumento de participação altamente «recomendado» pelo sistema democrático, argumenta e faz propostas. E da parte dos deputados, que se verifica? Uma quase sobranceria”, sustenta o também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
Para D. Manuel Linda, “urge credibilizar a democracia” e essa obrigação “recai, primeiramente, sobre os senhores deputados”.
“De outra forma, fica apenas a ‘erótica do poder’, o exercício da autoridade à qual se sacrifica tudo, incluindo o bem do povo”, refere.
Para o bispo das Forças Armadas e de Segurança, “a autoridade, que devia ser expressão dos sentimentos e da coesão nacional, torna-se uma estrutura de inutilidade, quando não um foco de desagregação”.
“É que ideologia rima demasiadamente com demagogia. Duvidam? Perguntem aos gregos”, escreve.
D. Manuel Linda recorda que a Iniciativa Legislativa de Cidadão ‘Pelo Direito a Nascer’ que estava prometido ser debatido nesta legislatura mas uma conferência de líderes na Assembleia da República tinha proposto não votar a iniciativa na atual legislatura.
“Não fora a sensata e honrosa intervenção da sua Presidente [da Assembleia da República], ia levando ao adiamento da discussão para as calendas gregas”, observa o prelado.
Para D. Manuel Linda, o debate que acabou por se realizar no dia 03 de julho mostrou um “forte menosprezo pelos argumentos e propostas” em detrimento da monótona reafirmação dos “pré-conceitos ideológicos”.
D. Manuel Linda é colaborador habitual da Agência ECCLESIA e escreve todos os meses no semanário digital Ecclesia.
CB/PR
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