Portugal: Conferência Episcopal reafirma intenção «inequívoca» de colaborar na erradicação da pedofilia

Porta-voz dos bispos elogia ação da Diocese da Guarda e diz que nunca recebeu queixas ou denúncias contra sacerdotes católicos

Fátima, Santarém, 11 dez 2012 (Ecclesia) – O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a Igreja Católica tem uma vontade “inequívoca” de colaborar com a sociedade para erradicar os casos de pedofilia, “sem ambiguidade alguma”.

O padre Manuel Morujão respondia aos jornalistas após ter sido questionado sobre o caso do vice-reitor do Seminário do Fundão, Diocese da Guarda, que a Polícia Judiciária deteve esta sexta-feira no âmbito de um inquérito sobre abuso sexual de crianças.

“Acreditamos no bom senso e na inteligência dos portugueses, que veem que é inequívoca intenção da Igreja, o seu propósito em colaborar com todas as forças sociais, particularmente as famílias – como sabemos, é onde estes casos mais acontecem -, para que não haja mais este crime”, afirmou o sacerdote, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião mensal do Conselho Permanente da CEP.

“Todos queremos que esta chaga seja extirpada”, acrescentou.

O secretário da CEP frisou que estes assuntos são tratados “a nível diocesano” e elogiou a “transparência”, “clareza” e “serenidade” do bispo da Guarda, “porque a verdade é o que interessa”.

“Esperemos pelo resultado da indagação”, acrescentou.

Segundo o padre Manuel Morujão, “é bom para a Igreja, para as famílias, para a sociedade em geral que estes casos sejam clarificados”

No sábado, a Diocese da Guarda manifestou a sua intenção de oferecer “total colaboração” à investigação em curso.

“Como já o fizemos em outras situações anteriores, continuaremos a garantir total colaboração para que a investigação seja bem feita, guardaremos o necessário silêncio durante a investigação e cumpriremos escrupulosamente as conclusões do Tribunal”, indicava o comunicado do Departamento Diocesano de Informação enviado à Agência ECCLESIA

Para o padre Manuel Morujão, é necessário “respeito por todas as partes implicadas”, sobretudo “quando está em causa a liberdade de pessoas que precisam de ser ajudadas”.

O sacerdote negou, por outro lado, ter-se encontrado alguma vez com a antiga provedora da Casa Pia de Lisboa, Catalina Pestana, que disse ao jornal ‘Público’ ter conhecimento de outros casos de abusos envolvendo sacerdotes católicos, os quais teriam sido comunicados aos responsáveis do episcopado.

“Que diga nomes, porque não os disse”, referiu o porta-voz da CEP, para quem “qualquer cidadão com consciência e com provas, não apenas imaginação, é uma ajuda para que os casos se esclareçam”.

O responsável afirmou que desde ocupa o cargo de secretário (2008) nunca tinha chegado a CEP qualquer queixa ou acusação, deixando o alerta de que “se facilita às vezes ao dizer coisas que não são verdade”.

O padre Manuel Morujão declarou, por outro lado, que é “preciso ter um grande cuidado na formação, na preparação e na seleção” dos novos sacerdotes, “uma exigência que a família e a sociedade fazem à Igreja”.

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou em abril deste ano um conjunto de diretrizes para o tratamento de eventuais casos de abusos sexual de menores ocorridos na Igreja, destacando a necessidade de colaboração com autoridades civis.

OC

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