Portugal: Comissões Justiça e Paz alertam para impacto da inflação, que agrava crises da pandemia e da guerra

«Que ninguém fique para trás», pedem organizações católicas

Lisboa, 18 jul 2022 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) e seis comissões diocesanas lançaram hoje a nota “Que ninguém fique para trás”, alertando para o impacto da inflação e as consequências da pandemia e da guerra na Europa.

“A inflação, quase que esquecida, surge de forma crescente, repercutindo-se de modo alarmante nos preços de bens essenciais que impactam diretamente na vida de todos, mas sobretudo dos que têm menos, porque de bens essenciais se trata”, refere o texto, enviado à Agência ECCLESIA.

O documento assinala a crise provocada pela Covid-19, nos últimos anos, agravada pela “devastadora e incompreensível guerra” na Ucrânia.

Estas situações, pode ler-se, “provocam desordens graves que afetam de forma particularmente mais intensa os mais fracos da sociedade, acentuando-se consequentemente os níveis de desigualdade”.

Hoje, mais que nunca, o que se pede e exige é uma intervenção política integradora de todas as sinergias sociais e económicas, criativa porque atende à diversidade dos vários grupos sociais e combate a cegueira de uma ação que, por ser teoricamente igual para todos, deixa tantos de fora”.

As organizações católicas sublinham que a pandemia mostrou “as virtualidades da intervenção de proximidade, identificando a especificidade das situações, atuando num tempo mais curto, articulando os recursos, as competências dos agentes locais”.

A CNJP e as comissões diocesanas que assinam a nota refletem, em particular, sobre o papel do Estado na definição das políticas públicas e na relação com os vários atores sociais e económicos.

O texto defende o reforço das competências autárquicas, “incluindo as estruturas da sociedade civil, reconhecendo-as e reforçando os meios quando for caso disso”.

À sociedade no seu todo, às comunidades locais, cabe naturalmente a redescoberta da sua função solidária, do seu papel insubstituível no reforço e consolidação da coesão social. Na identificação de cada um, na adequação a cada um”.

Para as comissões Justiça e Paz, o futuro de Portugal, num tempo de incerteza e de escassez de recursos, passa por “reconstruir, de forma ousada, um modelo organizativo que promova a proximidade e a partilha, a agilidade e a versatilidade, para que se cumpra a justiça social e se combata a desigualdade”.

“Hoje, mais do que nunca, o que se pede e exige é um combate sem quartel à globalização da indiferença e à cultura do descarte perante o sofrimento que estes tempos trazem de forma avassaladora e quase que insuportável, para que ninguém, mesmo ninguém, fique para trás, seja descartado”, conclui o texto.

A nota é assinada pela CNJP e as Comissões Diocesanas Justiça e Paz de Bragança-Miranda, Évora, Lamego, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Vila Real.

OC

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