Concluída a primeira fase do Campeonato Mundial de Futebol Alemanha-2006, a selecção nacional portuguesa tem apresentado um comportamento que se pode considerar “exemplar”, a vários níveis. Em declarações à Agência ECCLESIA, o Pe. Vítor Melícias, reconhecidamente um apreciador de futebol, defende que, para além dos resultados desportivos – três vitórias em três jogos – os comandados de Scolari têm conseguido mobilizar os portugueses da diáspora. “Temos conseguido manter um clima de simpatia, de convivialidade, alegria e festa que traduz as capacidades e a vocação de Portugal nos dias de hoje”, assinala o sacerdote franciscano. Apesar de “sermos um povo pequeno e com capacidades económicas e tecnológicas reduzidas”, há em Portugal “frutos dos valores culturais do passado” que transparecem em situações como um Mundial: “convivência, universalismo e tolerância”. “Estamos a ter, na Alemanha, o comportamento de um povo que favorece a paz, para além das diferenças existentes. Não estamos a defrontar inimigos, mas equipas de povos que são irmãos”, acrescenta o Pe. Vítor Melícias. Por isso, o verde dos relvados alemães tem sido “um palco de fraternidade”. Aliás, o futebol, a música e outros meios de comunicação são “espaços privilegiados para que, na diferença, prevaleça a unidade e para que, no choque de interesses, prevaleça a unidade dos afectos”. Portugal está, neste sentido, “a conseguir um grande Campeonato, tanto futebolisticamente como nas bancadas e no exterior dos estádios”, afirmou o Pe. Melícias. A profusão de bandeiras portuguesas nas janelas não é, para este franciscano, “um excesso de nacionalismo”. A colocação das bandeiras acentua “a pertença a determinados valores e tradições, os indesejados nacionalismos já estão ultrapassados”, realçou. Num evento desta envergadura, nem todos os pontos são positivos. O Pe. Vítor Melícias lamenta “a exploração comercial e económica de um desporto com tantas potencialidades”. Dentro das quatro linhas, este apreciador sublinha que a selecção tem “algumas condições para trazer o troféu para casa”, mas “estas são humildes”. “Se não ganharmos, não há motivos para entrar em depressão e devemos ter orgulho de chegar onde chegarmos”, aponta. Quanto aos artistas dos relvados, o Pe. Melícias confessa orgulho em relação ao desempenho do capitão da selecção, Luís Figo. “É uma confirmação do grande profissional que ele é, mantendo uma regularidade impressionante”, conclui.