Portugal: Colaborador do Papa incentiva clero das dioceses do Sul a «tocar pessoas e relações feridas»

«Igreja renova-se quando o Evangelho e os gritos do mundo se encontram», disse o cardeal Luis Antonio Tagle

Foto: Folha do Domingo

Faro, 19 jan 2022 (Ecclesia) – O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Santa Sé) incentivou o clero das dioceses do sul de Portugal a “tocar” as “pessoas e relações feridas”, e “evitar” separar pastoral e missão.

“O medo das feridas isola-nos e torna-nos indiferentes às necessidades dos outros”, disse o cardeal Luis Antonio Tagle, esta terça-feira, no início da jornada de atualização destes sacerdotes, a quem pediu para “tocar as feridas do mundo, as pessoas e relações feridas”, informa o jornal ‘Folha de Domingo’.

‘Testemunhar com audácia o Evangelho, força renovadora da humanidade’ é o tema do encontro de formação que reúne online cerca de 90 pessoas das Dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal, decorrendo até quinta-feira.

O cardeal filipino, que participou desde a sua terra natal, destacou, a partir da experiência de São Tomé, que “ver e tocar as feridas de Jesus é fundamental para a profissão de fé e para a evangelização”.

“A Igreja renova-se quando o Evangelho e os gritos do mundo se encontram”, explicou o colaborador do Papa, indicando que acontece o mesmo quando encontra as “culturas do mundo”.

O Evangelho é tão profundo que não pode limitar-se a uma só expressão cultural. Toda a cultura tem potencial de ser portadora do Evangelho, desde que esteja aberta à transformação e à comunhão com outras culturas”.

Para o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos da Santa Sé “é necessário” que se dialogue “com os povos e as suas culturas” e identificou diversas situações como as “culturas dos povos indígenas”, dos jovens, da revolução digital, das pessoas com deficiência ou capacidades diferentes e da “migração forçada”.

‘Evangelização Ad Gentes e Nova Evangelização: as duas faces duma mesma missão’ e ‘Como anunciar Cristo, no meio da indiferença, do agnosticismo e da adversidade? O exemplo das novas Igrejas’ foram os dois temas abordados por D. Luis Antonio Tagle.

“A Igreja deve escutar os jovens que não praticam a fé ou que a abandonaram para lhes perguntar qual é a sua impressão da Igreja, a sua experiência da Igreja”, explicou, referindo que eles também são “profetas para a Igreja”.

Segundo o cardeal, os católicos praticantes “frequentemente não compreendem plenamente” a linguagem dos seus bispos e sacerdotes.

“Quando nós, sacerdotes, falamos, o que ouvem as pessoas: Desespero, condenação, denúncia, ira, ou uma canção, ou uma oração?”, questionou, assinalando que “as palavras humanas deviam ser portadoras de aliança”.

O cardeal Luis Antonio Tagle referiu-se também à necessidade de ir ao encontro das periferias, “mostrar ao mundo como se pode encontrar a alegria, saindo das zonas de conforto”, com o único desejo partilhar a palavra de Deus, e pediu ao clero para “evitar a separação entre a pastoral e a missão”, informa o jornal ‘Folha do Domingo’, da Diocese do Algarve.

O programa de formação, organizado pelo Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE), inclui intervenções do diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Igreja Católica, José Carlos Seabra Pereira; Pedro Gil, do Gabinete de Imprensa do Opus Dei; os padres Santiago Guijarro e Fernando Rodriguez Garrapucho; Eugénio Fonseca, presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado; e Duarte Ricciardi, da organização da JMJ Lisboa 2023.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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