As instituições cuidam de «pessoas de direitos, mas também de pessoas de expressões» – padre Lino Maia
Lisboa, 27 jul 2024 (Ecclesia) – A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) debateu na terça-feira, no Centro de Congresso de Aveiro, a sexualidade entre os mais velhos apoiados pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPPS), assinalando-se a “coragem” em abordar o tema.
O presidente da CNIS, padre Lino Maia, lembrou que as instituições cuidam de “pessoas de direitos, mas também de pessoas de expressões” e, sendo a sexualidade umas dessas expressões, há que lhe dedicar alguma atenção, refere a nota enviada à Agência ECCLESIA.
Entre as conclusões do dia de trabalho, os intervenientes concordaram que “deve partir-se do pressuposto de que as pessoas têm o direito de decidir autonomamente também quanto à expressão da sua sexualidade, sendo este direito um direito fundamental dirigido à manutenção da dignidade de cada pessoa, seja qual for a sua idade e a sua condição de saúde”.
No entanto, este “é um direito que enfrenta dificuldades relacionadas com atitudes inadequadas dos profissionais e dos outros utentes (ridicularização, inferiorização, discriminação) e ainda com as fragilidades das instituições (limites físicos das suas instalações e falta de formação dos profissionais)”, sublinha o comunicado da CNIS.
Segundo os participantes do seminário, os limites “vão desde aquilo a que se pode chamar uma ‘conspiração de silêncio’ em relação à sexualidade nas pessoas mais velhas até à ausência de informação sexual dirigida a elas, passando pela construção social do envelhecimento da mulher e os estereótipos de género que lhe estão associados, que tornam mais evidente a ideia de que a sexualidade não tem aí lugar”.
As conclusões do seminário “Vivências da sexualidade, afetos e relações de intimidade: o caso das pessoas mais velhas apoiadas pelas IPSS” foram extraídas a partir das intervenções de Maria João Quintela, vogal da Direção da CNIS, António Fonseca, da Faculdade de Educação e Psicologia (Universidade Católica), António Leuschner, psiquiatra, Joana Silva Aroso, advogada, Vânia Beliz, psicóloga clínica e sexóloga, Bruno Barrinha Rocha, Escola Superior de Saúde (Universidade do Algarve).
Os participantes abordaram que para a intervenção das instituições ser o mais adequada possível, a sua prática concreta “deve atender ao modo como os cuidados, os espaços e as rotinas nas instituições devem ser adequados à possibilidade de os utentes pretenderem viver ativa e plenamente a sua sexualidade ou manter relações de intimidade, e sobre o modo como as equipas de profissionais devem ter acesso a formação que lhes permita fazê-lo”.
Depois de um primeiro debate, a CNIS organiza, no próximo dia 19 de setembro, no Casino Fundanense, no Fundão, um seminário semelhante, com a abordagem às «Vivências da sexualidade, afetos e relações de intimidade na prestação de cuidados: o caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS”.
LJ/OC