Iniciativa decorreu em Aveiro, Braga, Lisboa, Porto e Viseu
Lisboa, 26 out 2019 (Ecclesia) – A Caminhada pela Vida saiu hoje às ruas das cidades de Aveiro, Braga, Lisboa, Porto e Viseu, com preocupações ligadas ao aborto e eutanásia.
Em Lisboa, os participantes desfilaram entre o Largo Camões e a Assembleia da República.
“Vida sim, eutanásia não” e “os doentes merecem mais” foram algumas das palavras de ordem proferidas e mostradas em cartazes pelos participantes.
Segundo a Renascença, os manifestantes pararam em frente à Clínica dos Arcos, onde se fazem cerca de um quarto das Interrupções Voluntárias da Gravidez em Portugal, para um minuto de silêncio.
A presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado, defendeu que o caminho passa por “um mundo de solidariedade e de amor”.
“Não negamos as dificuldades da vida, mas estas não podem ditar a destruição das vidas humanas. A pobreza não pode ser uma bandeira, é um desafio para o humanismo, justiça e amor”, disse à emissora católica, recordando que “por ano há cerca de 18 mil seres humanos são impedidos de dar os primeiros passos – é a realidade do aborto”.
A médica e ex-deputada Galriça Neto, por sua vez, salientou a experiência clinica que tem com doentes em cuidados paliativos, referindo que a eutanásia “não acaba com o sofrimento mas sim com a vida das pessoas que sofrem”.
“Não podemos menosprezar quem sofre dizendo que a resposta para elas é acabar com a vida. É lamentável e vergonhoso que milhares de portugueses não tenham acesso a cuidados paliativos que os ajudam a viver com dignidade”, atirou.
Tempos extraordinários estes os que vivemos. Em tempos de paz lutamos pela vida. “Realmente, vivemos tempos sombrios!” (Bertolt Brecht)#PelaVida #CaminhadaPelaVida #Vida #Braga #StopEutanásia #StopAborto pic.twitter.com/Z3SsGD74fK
— D. Jorge Ortiga (@djorgeortiga) October 26, 2019
A Caminhada pela Vida aconteceu um dia depois de o Bloco de Esquerda ter apresentado, no primeiro dia da nova legislatura, um projeto-de-lei que visa despenalizar a prática da eutanásia em Portugal.
Em causa, segundo a organização dos eventos, estão “tentativas de diminuir a sacralidade da vida humana, de diminuir a sua importância”.
“Infelizmente, e cada vez mais, a vida, sobretudo nos seus extremos, desde o momento da conceção e do nascimento, e no fim da vida, quer por doença, quer por idade, está mais ameaçada e, mais grave ainda, pelo poder politico que decidiu tomar medidas legislativas que diz respeito a esta dignidade humana”, disse José Maria Seabra Duque, coordenador da plataforma, em declarações à Agência ECCLESIA.
“Em última instância, pode vir a ser necessário tentarmos um referendo e é essencial a mobilização popular para deixar claro que em Portugal não desejamos um Estado que mata, desejamos antes um Estado que cuida”, acrescentou.
O jurista, sobre a questão do aborto, referiu que “hoje, infelizmente, mais do que política”, a questão é social; “milhares de mulheres e de crianças” foram apoiadas pelas instituições pró-vida, “em todos os campos”.
A caminhada é uma iniciativa promovida anualmente pela Federação Portuguesa Pela Vida, que reúne diversas instituições “de defesa da vida” com “um trabalho social conhecido de norte a sul” de Portugal; participam também o ‘Stop Eutanásia’ e o movimento cívico ‘Deixem as Crianças em paz’.
O cardeal-patriarca de Lisboa, numa mensagem de “apoio e incentivo” a estas caminhadas, destacou que “não é uma iniciativa da Igreja Católica, não é uma iniciativa religiosa”, mas uma “iniciativa espontânea da sociedade”.
“Vai muito de acordo com todos estes objetivos humanitários que nos unem na promoção da vida, da conceção à morte natural”, sublinhou D. Manuel Clemente.
O selecionador nacional de futebol associou-se à Caminha Pela Vida de Aveiro e afirmou que “é um prazer apadrinhar” esta iniciativa.
“Defender a vida é defender a dignidade humana, defender a humanidade, defender a humanidade”, explicou Fernando Santos.
A ‘Caminhada pela Vida’ que mobilizou mais de 10 mil pessoas, em 2018, teve início no âmbito das campanhas para os referendos sobre o aborto de 1998 e 2007, e foi depois retomada de forma anual em 2012, procurando alertar para a importância da defesa da vida, desde a conceção até à morte natural.
D. Nuno Brás, bispo do Funchal, manifestou o seu apoio à iniciativa, em texto divulgado pelo ‘Jornal da Madeira’.
“Queremos viver, e viver numa sociedade onde todos possam viver. Toda a vida humana é boa, é um bem, é sagrada e intocável. Ninguém tem o direito de a tirar. Não queremos viver num país onde a morte se sobreponha à vida. Queremos viver num país onde a vida humana seja intocável”, escreve.
HM/CB/OC
Notícia atualizada às 18h28