Portugal celebra festa de São Nuno

Esta Sexta-feira, dia 6 de Novembro, é celebrada pela primeira vez a festa litúrgica de S. Nuno de Santa Maria, após a canonização por Bento XVI no passado dia 26 de Abril, no Vaticano.

Nascido a 24 de Junho de 1360, o novo santo português foi um dos portugueses que mais profundamente marcaram a história do nosso país. Depois da sua carreira militar, pediu a admissão, como irmão leigo, na Ordem do Carmo. Tinha grande devoção à Virgem Maria e mostrou sempre grande compaixão para com os pobres. Morreu no Domingo da Ressurreição do ano de 1431 (1 de Abril).

Na homilia que proferiu aquando da canonização, o Papa falou de Nuno de Santa Maria como “herói e santo de Portugal”. “Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus”, referiu Bento XVI.

Para o Papa, este Santo é o exemplo de que “em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélico, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus”.

Assinalando esta primeira festa litúrgica após a canonização, o Cardeal-Patriarca, D. José Policarpo, preside a uma celebração eucarística, no dia 6, pelas 19h00, na Paróquia do Santo Condestável, em Lisboa.

Também esta Sexta-feira, a Universidade Lusíada e a Ordem do Carmo em Portugal organizam iniciativas sobre São Nuno de Santa Maria: exposição da artista plástica Gabriela Marques da Costa “O Condestável 1360-2009”; apresentação do livro “Olhares de hoje sobre uma Vida de Ontem: Nuno Álvares Pereira: Homem, Herói e Santo”, por D. António Vitalino Dantas, Bispo de Beja; lançamento do CD de José Campos e Sousa “São Nuno de Santa Maria, por Portugal – e Mais Nada”, apresentado pelo Ten. Cor. José Brandão Ferreira.

No dia 8 de Novembro, decorre uma celebração Acção de Graças pela canonização de S. Nuno de Santa Maria, às 11h00, frente ao Mosteiro da Batalha, transmitida em directo pela TVI.

Nessa mesma data, em Fátima, Jesué Pinharanda Gomes apresenta o tema “Nossa Senhora na vida de S. Nuno de Santa Maria”. A 13 de Dezembro de 2009, o P. Luciano Cristino aborda a temática “D. Nuno Álvares Pereira passou por Fátima em 1385”.

Nos dias 4 e 5 de Novembro, decorreu o colóquio histórico “Nun’Álvares Pereira, Condestável e Santo”, organizado pela Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, a Academia Portuguesa da História e a Comissão Portuguesa de História Militar.

 

Nota biográfica

Nascido em 1360, Nuno Álvares Pereira foi educado nos ideais nobres da Cavalaria medieval, no ambiente das ordens militares e depois na corte real. Tal ambiente marcou a sua juventude. As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em D. Nuno o exímio chefe militar, estratega das batalhas dos Atoleiros, de Aljubarrota e Valverde, vencidas mais por mérito das suas virtudes pessoais e da sua táctica militar do que pelo poder bélico dos meios humanos e dos recursos materiais.

Casou com D. Leonor Alvim de quem teve três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz, que viria a casar com D. Afonso, dando origem à Casa de Bragança. Tendo ficado viúvo muito cedo e estando consolidada a paz, decidiu aprofundar os ideais da Cavalaria e dedicar se mais intensamente aos valores do Evangelho, sobretudo à prática da oração e ao auxílio dos pobres. Assim, pediu para ser admitido como membro da Ordem do Carmo, que conhecera em Moura e apreciara pela sua vida de intensa oração, tomando o profeta Elias e Nossa Senhora como modelos no seguimento de Cristo.

De Moura, no Alentejo, vieram alguns membros da comunidade carmelita, para o novo convento que ele mesmo mandara construir em Lisboa. Em 1422, entra nesta comunidade e, a 15 de Agosto de 1423, professa como simples irmão, encarregado de atender a portaria e ajudar os pobres. Passou então a ser Frei Nuno de Santa Maria. Depois de uma intensa vida de oração e de bem fazer, numa conduta de grande humildade, simplicidade e amor à Virgem Maria e aos pobres, faleceu em 1431 no convento do Carmo, onde foi sepultado.

Logo após a sua morte começou a ser venerado como Santo pela piedade popular. As suas virtudes heróicas foram oficialmente reconhecidas pelo Papa Bento XV, que o proclamou beato, em 1918, passando a ter celebração litúrgica a 6 de Novembro.

 

(Em Anexo: edição especial da AE pela canonização do Condestável)

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