Padre Luís Manuel Pereira da Silva, professor de Liturgia na Universidade Católica, lembra necessidade de observar normas da Igreja
Fátima, Santarém, 25 jul 2012 (Ecclesia) – O cónego Luís Manuel Silva, pároco da Sé de Lisboa e professor de Liturgia na Universidade Católica Portuguesa (UCP), alertou em Fátima para a pouco exigência dos católicos com a “beleza” das cerimónias em que participam.
“Já é tempo de sermos mais exigentes nas nossas celebrações. Tirar a ‘música pimba’ das nossas igrejas: textos pobres, melodias ainda piores, coisas que só procuram uma eficácia quase irritante e desesperante”, disse o também mestre das cerimónias patriarcais, durante o 38.º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica, que decorre até sexta-feira.
A iniciativa, com cerca de 1200 participantes, é dedicada ao tema ‘Eucaristia, Sacramento da Caridade’.
O cónego Luís Manuel Silva sublinhou que liturgia da Igreja Latina é “sóbria” e não “transforma a celebração num emaranhado de gestos sem sentido”.
“As nossas celebrações, permiti que o diga, muitas vezes parecem assim uma patuscada de amigos. A gente gosta, sente-se bem (…), está ali como podia estar noutro lado”, afirmou o cónego Luís Manuel da Silva.
Numa conferência dedicada ao tema ‘Eucaristia, fonte de epifania de comunhão’, o docente da UCP destacou que a celebração não é “propriedade” de ninguém e exige “fidelidade às normas litúrgicas”.
“Nunca celebramos a eucaristia se não o fizermos em comunhão com toda a Igreja. A Igreja peregrina na terra e a Igreja que se encontra na glória”, disse o especialista.
O cónego lisboeta frisou que “a Eucaristia não se compadece com protagonismos fáceis, mais próximos de compensações afetivas do que com a celebração do mistério em comunhão com toda a Igreja”.
“O ambão e o altar não são o púlpito nem o areópago para protagonismos fáceis, seja de quem preside, seja de quem exerce qualquer ministério”, alertou.
Para este responsável, só pode ser inovador que conhece “muito bem” e vive “a tradição”, caso contrário só existirão “soluções passageiras”.
O padre Luís Manuel Silva apelou, em conclusão, ao “respeito pelo silêncio”, frisando que este tem “estatuto próprio”.
“Não é a ausência de palavra, ou de som, ou de gesto, mas é ele próprio e o que Deus nos quer dizer no silêncio e pelo silêncio”, precisou.
O evento, promovido pelo Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), procura destacar o sacramento da Eucaristia enquanto “fonte de missão, caridade e comunhão” na Igreja Católica.
Na primeira conferência do encontro, o bispo de Bragança-Miranda lamentou a pobreza de algumas celebrações litúrgicas e frisou que é indispensável promover a sua qualidade.
“Infelizmente, em muitos lugares a liturgia reduz-se a uma proclamação de textos e execução técnica de gestos, sem cantos, sem uma linguagem verbal e não verbal que manifeste o mistério e a arte de bem celebrar”, sublinhou D. José Cordeiro.
O SNL disponibiliza as conferências, em formato áudio, através da sua página na internet.
OC