Aeroporto de Lisboa inaugurou espaço inter-religioso dedicado à oração para os seus passageiros
Lisboa, 22 jun 2022 (Ecclesia) – Portugal assinala hoje o segundo Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso, uma data que esteve em reflexão no Programa ECCLESIA na RTP2, um dia depois do aeroporto de Lisboa ter inaugurado um espaço para oração.
“A autoridade que regula o aeroporto decidiu que era preciso ter um espaço que permitisse aos passageiros, que às vezes passam horas à espera do voo seguinte, viver a sua dimensão religiosa”, disse hoje o diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa à Agência ECCLESIA.
O padre Peter Stilwell explicou que para um católico esta questão “não é tão premente”, podem sentar-se em qualquer banco e rezar, mas, por exemplo, “para os muçulmanos era preciso haver espaço para poderem fazer as suas prostrações”, o que existe em muitos aeroportos.
Neste contexto, no Aeroporto de Lisboa também decidiram criar um espaço interconfessional, e trabalhou com o Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-Religioso, do Alto Comissariado para as Migrações, para concretizar a sala que inaugurou esta terça-feira, dia 21 de junho, com a presença do seu diretor, os líderes das diferentes Confissões Religiosas que estão representadas.
A sala de oração, no centro do aeroporto, por cima da zona comercial entre as partidas e as chegadas, está isento de símbolos religiosos, tem publicações de cariz religioso, e está aberto abre entre as 06h00 e as 23h00.
Portugal celebra, esta quarta-feira, o Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-Religioso, simbolicamente na data de publicação da Lei da Liberdade Religiosa (Lei n.º 16/2001, de 22 de junho), reconhecida como um dos diplomas mais inovadores a nível europeu.
A Assembleia da República (AR) aprovou, por unanimidade, um projeto de resolução que instituiu 22 de junho como Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-Religioso, no dia 21 de junho de 2019.
No Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, Carlos Jalali, da Comunidade Bahá’í, integra a comissão do tempo de emissão das confissões religiosas na televisão pública e faz uma “avaliação extremamente positiva” desta experiência que comemora 25 anos em 2022.
“Sobretudo quando colocamos o caso português em perspetiva comparada, quer olhando para outros países europeus, quer olhando de forma mais geral para o contexto das democracias a nível mundial. Portugal é um líder naquilo que é a capacidade de institucionalizar mecanismos para o diálogo inter-religioso. Este espaço da ‘Fé dos Homens’ é um excelente exemplo disso, na medida em que as diferentes comunidades e confissões religiosas dialogam, cooperam, para encontrar um espaço de partilha coletiva”, desenvolve.
Carlos Jalali realça que este trabalho “não começou quando a ‘Fé dos Homens’ foi formalizada” mas há um trabalho prévio e pioneiro das várias confissões religiosas em Portugal.
Em cada quarta-feira, o Programa ECCLESIA começa com uma rubrica da Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, sobre a ausência de liberdade religiosa no mundo e a perseguição aos cristãos, e o padre Peter Stilwell lembrou que a Igreja Católica “durante muito tempo não aceitava esta ideia da liberdade religiosa”, ma com o Concílio Vaticano II “deu uma volta de 180ª graus”.
“Pensava assim, não podemos deixar que se propaguem coisas que não são verdade no interior da sociedade. A Igreja Católica decidia que aquilo que ela ensinava é que era a verdade. O que o Concílio Vaticano II trouxe de novo foi dizer: Não são as verdades que têm direitos, as pessoas é que têm direitos. As pessoas têm o direito de procurar o sentido da sua vida, o sentido último da sua existência, de a procurar dialogando com a religião na qual nasceram ou com outras”, desenvolveu o diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa.
Carlos Jalali, da Comunidade Bahá’í, observa que são perseguidos em vários pontos do planeta, “nalguns países como Irão há políticas sistemáticas de perseguição”, mas em Portugal existe a capacidade de “ter um diálogo que é sólido” e felizmente não há “manipulação de sentimentos religiosos”.
HM/CB/PR