Portugal: Católicos atentos à «invisibilidade social» da pessoa com deficiência

Movimento «Fé e Luz» reconheceu nova comunidade «Amigos da Alegria» do Estoril

Estoril, Lisboa, 13 fev 2016 (Ecclesia) – Alice Caldeira Cabral, do Movimento ‘Fé e Luz’, considera que o acolhimento da pessoa com deficiência em Portugal continua a levantar questões que têm de ser enfrentadas pela sociedade e a Igreja.

“A deficiência é uma questão de direitos e não estão mesmo garantidos. Na educação, e em todas as esferas da sociedade, ao não se nomear o problema não se garantem os problemas que as pessoas têm. Não se faz o que se chamou de discriminação positiva que permite a participação e reconhecimento”, analisa o elemento do Comité de Nomeação Provincial do movimento católico.

À Agência ECCLESIA, a antiga coordenadora nacional observa que hoje em dia as crianças com deficiência estão na escola com as outras, mas a “questão da deficiência é completamente negada”, o ministério “exige” um diagnóstico de deficiência permanente e “ninguém trabalha a questão da docência”.

“Ninguém chama pelo nome, é apenas para garantir que têm os direitos que precisam porque a deficiência é uma questão de direitos e esses direitos não estão mesmo garantidos”, sublinha Alice Caldeira Cabral.

Já no contexto eclesial, a responsável considera que a “invisibilidade” das pessoas com deficiência também “é muito marcante na Igreja portuguesa”.

“Era muito difícil entrar numa igreja com o meu filho. Ele podia desatar aos gritos sobretudo se ficasse contente. Com a Comunidade ‘Fé e Luz’, a comunidade paroquial começou a aprender o que queriam dizer aquelas explosões, deixou de ter medo dele”, recorda, destacando que não se pode integrar por “decreto” mas a comunidade toda pode “partilhar a alegria esfusiante”.

Miguel Duarte, da comunidade do Estoril, que aceitou “logo” quando o convidaram a entrar no movimento, destaca está com um “grupo maravilhoso”.

Para este “amigo especial”, a Igreja devia “dar mais apoio, ter mais gente que apoiasse” as crianças e pessoas com deficiência porque a maioria das vezes “é raro”.

“As pessoas só falam de política e futebol, não falam destas coisas que são mais importantes”, observou Miguel Duarte, dizendo que os jovens mesmo com deficiência “são capazes de fazer tudo”.

Já o assistente nacional de ‘Fé e Luz’, embora considere que as comunidades católicas estão “despertas” para o “acolhimento” da pessoa com deficiência, observou na homilia que “não são muito falados”.

À Agência ECCLESIA, o padre Fernando Rosas revelou que aprende a “simplicidade, transparência, verdade” com os “amigos especiais”: “Eles sorriem e abraçam como ninguém porque não têm filtros sociais e circunstâncias de cada momento.”

Para a coordenadora da Província Lusitana, o reconhecimento da comunidade ‘Amigos da Alegria’, no Estoril, “é um grande passo”, especialmente porque “a maior parte das 10 comunidades” está na Diocese do Porto.

Depois do Catujal, esta é a segunda comunidade reconhecida na Diocese de Lisboa onde “tem sido difícil fazer crescer o movimento”, comentou ainda Olga Maria Grilo.

Este domingo, o programa ‘70×7’ (RTP2, a partir das 13h30) é dedicado a Jean Vanier, com uma entrevista realizada em França, e vários testemunhos sobre o Movimento ‘Fé e Luz’, bem como da sua outra obra a ‘Arca’.

A Província Lusitana, do Movimento ‘Fé e Luz’, vai promover a sua peregrinação nacional ao Santuário de Fátima nos dias 15, 16 e 17 de abril.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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