Organização católica pede intervenção do Estado e diz que está a «atingir o limite da sua capacidade»
Faro, 17 mar 2024 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa alertou hoje para as dificuldades na resposta às necessidades das populações migrantes, assumindo que está a “atingir o limite da sua capacidade”.
“A atual situação do apoio a migrantes em Portugal e a forma como está a ser feito o acompanhamento a quem chega ao nosso país, levanta preocupações à rede Cáritas”, refere a organização católica, no documento de conclusões do seu Conselho Geral, que decorreu desde sexta-feira, em Faro.
“Tendo sempre a Pessoa e as suas necessidades no centro da sua Missão, a Cáritas tem vindo a desempenhar todo um trabalho, para o qual carece de recursos humanos, financeiros e/ou materiais”, acrescenta o documento, enviado à Agência ECCLESIA.
O encontro reuniu representantes de 19 das 20 Cáritas Diocesanas que compõem a rede Cáritas em Portugal.
A organização católica dirige-se às entidades públicas do Estado, para lhes recordar “as suas especiais responsabilidades na resposta eficaz às necessidades dos migrantes” e deixa o alerta de que, “como organização da sociedade civil, está neste momento a atingir o limite da sua capacidade”.
Tendo a Cáritas um papel supletivo, não poderá continuar a substituir-se às competências do Estado. É urgente que se conheça a estratégia e os recursos para garantir uma resposta a estas pessoas e famílias [migrantes], respeitando a sua liberdade de partir ou de ficar”.
Na sessão de abertura, D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, lembrou que “a informação acerca do bom estado da saúde da economia descansa muita gente, mas não corresponde à situação de muitas pessoas”, alertando para a necessidade de que o “desenvolvimento da sociedade seja abrangente a toda população”.
A rede Cáritas anunciou que vai dar início a “duas novas comunidades: Comunicação/Campanhas e Grupos/Cáritas Paroquiais”.
O Conselho Geral tomou contacto com os indicadores de referência para o Quadro Estratégico 2024-2030 e que têm como objetivo ser uma base de monitorização para a sua implementação.
“Face às dificuldades que foram sendo identificadas no atual Sistema de Gestão da Ação Social de Proximidade (SGASP), a sua não integração com outros programas em uso e a dificuldade na utilização abrangente pela rede capilar, foi tomada a decisão de identificar uma nova ferramenta de recolha de informação que seja capaz de facultar um conhecimento mais sólido e atualizado da realidade da rede Cáritas em Portugal”, assinala o comunicado final.
O Conselho Geral terminou com a celebração eucarística, presidida por D. Manuel Quintas, bispo do Algarve.
OC