Portugal caminha para a 3ª Assembleia Ecuménica Europeia

A caminhada para a III Assembleia Ecuménica Europeia (AEE3) está a entrar na sua recta final e Portugal não quer ficar para trás, através das várias iniciativas que as dioceses e as comunidades organizam, para construir um espaço ecuménico. O terceiro encontro de preparação para a AEE3, a realizar em Setembro próximo na Roménia, foi um dos vários passos que se têm dado no caminho da unidade. Com organização do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), e da Conferência das Igrejas Europeias (KEK), este encontro preparatório centrou os seus trabalhos e reflexões em torno do contributo que os cristãos, através de uma forma “organizada e eficaz” podem dar para “a definição da identidade europeia”, afirma à Agência ECCLESIA, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda e representante da Conferência Episcopal Portuguesa neste encontro. De Portugal participou também D. Fernando Soares, Bispo da Igreja Lusitana e representante do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs. Num contexto de alguma crise europeia, onde a constituição não está aprovada, onde existem muitas reticências sobretudo de alguns países sobre o que deve ser a União Europeia, “é função dos cristãos intervir nesta reflexão”, sublinha o Bispo da Guarda. “Foi sublinhado que os cristãos só unidos e colaborando entre si, podem desempenhar a sua função dentro da Europa, na definição do seu futuro”. Os temas da Carta Ecuménica, uma vez que constituem os temas objecto de reflexão em Sibiu, na Roménia, foram também discutidos. Em vários grupos de trabalho abordou-se a espiritualidade do ecumenismo, a paz, a criação e respeito da natureza, a reconciliação, o que é a Europa, a realidade migratória na no continente europeu e os desafios e dificuldades que esta dimensão envolve, “pontos em reflexão, abrindo caminho para que o encontro de Sibiu possa tirar conclusões práticas sobre cada um destes pontos”, sublinhou D. Manuel Felício. Mas este é um caminho que não se iniciou agora. O Forúm Ecuménico Jovem, na sua 8ª edição que decorreu na Guarda, é disso exemplo, pois “lançou um grande movimento por todas as dioceses, através da cruz ecuménica, com o objectivo de se reflectirem os temas da carta ecuménica”, manifesta D. Manuel Felício, que sublinha também o trabalho que algumas comissões ecuménicas diocesanas têm realizado, com especial destaque para o trabalho desenvolvido pela comissão do Porto que já organizou vários encontros. O Bispo da Guarda anuncia também, para o dia 19 de Maio, no Porto, uma jornada nacional de preparação para a Assembleia Ecuménica, precisamente com o mesmo tema do encontro de Sibiu, “A luz de Cristo ilumina a todos, esperança na renovação e unidade da Europa”. “Queremos fazer uma reflexão preparatória conjunta entre os membros da CEP e os do COPIC”. D. Manuel Felício antevê bons resultados para o encontro em Sibiu. A III Assembleia Ecuménica Europeia, pelo facto de acontecer num país maioritariamente ortodoxo, vislumbra por si, um marco importante no caminho ecuménico que as Igrejas cristãs querem percorrer. “Por acontecer na Roménia, um país que agora entrou na União Europeia, numa cidade que actualmente é capital europeia da cultura”, são notas que “nos levam a olhar para Sibiu com muita esperança”. “Todos sabemos que não tem sido fácil enquadrar algumas comunidades cristãs ortodoxas num caminho para unidade”, salienta. Alguns lugares onde predomina a Igreja Ortodoxa são locais complicados, de por exemplo, o Papa visitar, apesar dos esforços desenvolvidos, mesmo no papado de João Paulo II. “A entrada no mundo ortodoxo é mais um sinal de esperança”. Os problemas estão identificados. O diálogo das Igrejas entre si, quer ao nível teológico, ou através de algumas experiências de ecumenismo “prático” no terreno, onde os cristãos têm colaborado, como foi o caso da defesa da vida ou do ambiente. “A unidade é uma tarefa de todos os cristãos, mas também sabemos que a unidade é um dom maior, por isso damos uma importância grande à espiritualidade ecuménica”, sublinha D. Manuel Felício. O contacto que se estabelece entre diferentes realidades cristãs são também um momento importante, pois são contactos que se estabelecem “pessoalmente, com base em diálogo, em questões e interpelações”, sublinha o Bispo da Guarda. Nesse sentido foi um espaço de conhecimento, onde foram deixados também alguns desafios. “Sobretudo os países onde o protestantismo é maioritário, têm contributos específicos a dar para se encontrar caminho que enquadrem de forma equilibrada as práticas cristãs”, finaliza.

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