Inquérito aos utentes detetou «uma tendência para o aumento das carências» a este nível
Lisboa, 29 mai 2013 (Ecclesia) – Um inquérito desenvolvido pelo Banco Alimentar Contra a Fome e a Universidade Católica Portuguesa concluiu que 86 por cento dos utentes que recorrem atualmente a instituições sociais fazem-no sobretudo para resolver carências alimentares.
O estudo, publicado hoje através da internet, abrangeu mais de 2200 mil utentes provenientes de 242 entidades particulares de solidariedade social de todo o país, entre 2012 e este ano, e permitiu detetar “uma tendência para o aumento das carências ao nível dos hábitos alimentares”.
Se em 2010, numa outra investigação do género, 49 por cento dos utentes das instituições sociais dizia que tinha “dinheiro para comprar comida até ao final do mês”, agora essa parcela resume-se a “23 por cento”.
Quanto a outros dados em destaque, “39 por cento dos inquiridos” admitiu já ter “passado um dia inteiro sem ingerir qualquer alimento, por falta de dinheiro” e “82 por cento respondeu que hoje se sentem pobres”.
Entre os que procuraram apoio numa IPSS, “52 por cento fá-lo há menos de dois anos”, o que vem demonstrar, segundo o estudo, “que muitos utentes destas instituições são relativamente recentes, denotando possivelmente, novas situações de carência”.
Mais de metade dos inquiridos, 52 por cento, está inserida em agregados familiares com um rendimento total “inferior ao salário mínimo nacional”, sendo que “23 por cento das famílias auferem menos de 250 euros”.
No total, “apenas 12 por cento consideram que o rendimento auferido é sempre suficiente para viver”.
O Banco Alimentar Contra a Fome pretende com este trabalho “efetuar uma caraterização mais abrangente dos utentes das instituições de solidariedade social” e “acompanhar, com maior detalhe, o percurso de algumas famílias, as suas vivências, estratégias e formas de lidar com a falta de recursos”.
Das 2209 pessoas incluídas no inquérito, 73 por cento são do sexo feminino, 32 por cento estão sem trabalho, a maior parte há mais de dois anos, e 27 por cento estão reformadas.
Entre os desempregados, “15 por cento tem entre 18 e 30 anos, 34 por cento tem entre 31 e 40 anos e 51 por cento entre 41 e 65 anos”, avança o estudo do Banco Alimentar contra a Fome.
Além da resolução de problemas relacionados com a alimentação, grande parte dos participantes na investigação referiu que recorre às IPSS para pedir ajuda na gestão das despesas da casa, sobretudo no pagamento de rendas ou empréstimos, contas de água, gás e eletricidade.
JCP