Encontro do Conselho das Conferências Episcopais da Europa e Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar decorre em Portugal
Lisboa, 12 abr 2018 (Ecclesia) – O secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) adiantou que os bispos da Europa e África vão refletir em Portugal sobre os desafios da globalização nos “jovens, na migração e na chamada ecologia humana”.
“A globalização do bem é bom, a globalização do erro é um desafio que preocupa. É um desafio para a Igreja, mas também para as culturas, que vão se transformando e ao mesmo tempo precisam de ser respeitadas e valorizadas”, disse hoje o padre Duarte da Cunha à Agência ECCLESIA.
O CCEE e o Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM) vão encontrar-se a partir de hoje e domingo, primeiro em Lisboa de onde parte para o Santuário de Fátima.
‘O significado da globalização para a Igreja e para as culturas na Europa e na África’ é o tema que vai reunir os responsáveis católicos dos dois continentes.
O secretário-geral do CCEE explica que os prelados vão refletir também sobre a globalização e a sua relação com os jovens, “quer no positivo, quer no negativo”, uma vez que são, cada vez, “mais globais”, participam de uma cultura comum, viajam, estudam e fazem voluntariado noutros países.
“O fenómeno globalizado que é a migração, as pessoas em movimento, também vai ser enfrentado. Precisamos de uma política global de migrações, mas também precisam de ajudar as pessoas a não precisarem de emigrar. Como a globalização pode ser a promoção do desenvolvimento global e não o desenvolvimento de algumas zonas e empobrecimento de outras”, desenvolveu.
O sacerdote português, no contexto do tópico da Ecologia humana, sobre a “noção de homem e natureza humana” alerta que os bispos africanos “têm lamentado e acusado” que algumas organizações internacionais e Estados fazem depender apoios sociais ou de cooperação de “mudanças políticas e ideológicas” ligadas a questões do “género, contra a vida”.
“A globalização do mal pode criar pressões”, sublinha.
A sessão de abertura do encontro, esta tarde, a partir das 18h00, está marcada para o Seminário dos Olivais, em Lisboa, antes da partida para Fátima.
A reunião será presidida pelo cardeal italiano D. Angelo Bagnasco, presidente do CCEE, e pelo arcebispo angolano D. Gabriel Mbilingi, presidente do SECAM.
Há mais de uma década que os dois organismos continentais têm organizado uma série de simpósios e seminários e o padre Duarte da Cunha comenta que se vê “a mudança de paradigma de diálogo”.
Os bispos, em grupo mais restrito, que participam nos encontros depois comunicam aos outros e vai passando a mensagem que entre os bispos europeus e africanos “há verdadeiramente diálogo e contributo de um lado e outro” e não é uma relação “entre o pobre que pede o rico, o ignorante que pede ao culto da Europa”.
“A Europa aprende, a Europa testemunha, a África aprende, a África testemunha. Não são temas em que os países subdesenvolvidos vêm aos desenvolvidos pedir dinheiro”, frisou o secretário-geral do CCEE, realçando que “é aos poucos que esta coisas se fazem e mudam os paradigmas”.
O sacerdote sublinha que se encontram para “partilhar, testemunhar e pedir ajuda nos desafios” e cada vez mais África “é vista como Igreja que dá contributo para Igreja Universal”.
O padre Duarte da Cunha destacou também a importância das relações entre Portugal e África que “são fundamentais”, sendo na Europa “talvez o país onde as relações são mais tranquilas, pacificas e interessantes”.
Para esta sexta-feira está prevista uma conferência de imprensa, no Santuário de Fátima, pelas 14h30.
Um encontro sobre os desafios da globalização que decorre em Fátima um “lugar universal” de “uma devoção globalizada” estava previsto para 2017, pelo Centenário das Aparições.
O encontro tem lugar em Portugal a convite do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o cardeal-patriarca D. Manuel Clemente, que também estará presente no encontro.
O bispo de Leira-Fátima, D. António Marto dirigirá aos participantes uma saudação em nome da diocese local.
Entre os participantes contam-se ainda D. António Vitalino, bispo emérito de Beja, e D. Lúcio Andrice Muandula, bispo de Xai Xai, Moçambique.
CB/OC
Notícia atualizada às 12h10