Conferência Episcopal pede ao Estado que respeito quem está no terreno, sem «concorrências desnecessárias»
Lisboa, 16 nov 2017 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou hoje para as “graves dificuldades” que afetam instituições sociais e educativas, “de reconhecido mérito”, pedindo o apoio do Estado para as mesmas.
“Os bispos lembram o princípio da subsidiariedade, que levará o Estado a respeitá-las e apoiá-las, não criando concorrências desnecessárias e atendendo aos direitos dos seus profissionais e das famílias”, refere o comunicado final da Assembleia Plenária do episcopado católico, que se concluiu hoje em Lisboa.
D. Manuel Clemente, presidente da CEP, explicou que estão em causa colégios, escolas e outros estabelecimentos de cariz social, que apareceram como “resultado de grande esforço” de pessoas ligadas à Igreja Católica e à sociedade em geral, várias delas reconhecidas pelo Estado como de “utilidade pública”
“Se são capazes, se estão no local, se desempenham funções bem, reconhecidas, é necessário estarmos a criar, por via oficial, uma instituição ao lado?”, questionou.
O cardeal-patriarca de Lisboa apelou a respeitar a “vitalidade” da sociedade, promovendo o que é “fruto de uma espontaneidade social”.
“Há vários desrespeitos”, lamentou o presidente da CEP.
“Porque é que se vai fundar uma escola oficial ao lado, quando aquela funciona tão bem?”, perguntou ainda.
O responsável lamentou depois que no caso das chamadas ‘barrigas de aluguer’ as “molduras legais” não acompanhem os avanços da ciência, ignorando as descobertas sobre a “relação intrauterina”.
“É uma relação que é cada vez mais evidenciada como fundamental”, sustentou.
D. Manuel Clemente propôs antes o conceito de “ecologia integral” feito pelo Papa Francisco na ‘Laudato Si’.
“Para quem é crente, a natureza não é apenas natureza, é criação”, um dom de Deus que tem de ser “religiosamente respeitado”, precisou
“É uma obrigação religiosa cuidar da criação”, acrescentou, deixando um elogio à pedagogia escutista para valorizar um tema que “é prioritário, uma questão de sobrevivência”.
O comunicado final da Assembleia Plenária, apresentado em conferência de imprensa, informa que o novo bispo de Santarém, D. José Traquina, vai assumir a presidência da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana para o triénio 2017-2020, após o falecimento do anterior responsável, D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto.
Os trabalhos da Assembleia Plenária, que se iniciaram esta segunda-feira em Fátima, contaram com a presença da reitora e do vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, respetivamente Isabel Capeloa Gil e padre Tolentino Mendonça, acompanhados pelo Diretor do Instituto de Ciências da Saúde da UCP Alexandre Castro Caldas.
Estes responsáveis informaram a CEP sobre o projeto da Faculdade de Medicina da Universidade Católica.
“Este novo Curso, que conta com várias parcerias, está ancorado na doutrina da Igreja em matéria de defesa da vida e é axiologicamente identificado com os valores católicos”, assinala a nota conclusiva da Assembleia Plenária.
OC
Notícia atualizada às 16h55